Agora, vai para o Dicionário da História de Portugal, em suplemento, o período extraordinário de 26 meses de revolução democrática: todos os nomes e factos do tempo que começa na madrugada de 25 de Abril de 1974, em que Salgueiro Maia, Otelo e tantos outros capitães do MFA derrubaram o regime que Caetano herdara de Salazar, e vai até 28 de Junho de 1976, dia em que os portugueses puderam pela primeira vez eleger um Presidente da República através do voto universal e direto – o eleito, então, foi Ramalho Eanes. Estes 26 meses são tratados, sistematizados com rigor científico, em oito volumes preparados por uma equipa com 150 investigadores, coordenada por António Reis, Maria Inácia Rezola e Paula Borges Santos. Seguem o modelo inicial do Dicionário, tal como Joel Serrão o concebeu.

Passamos a ter uma lupa essencial para a compreensão do que foi aquele tempo e de como Portugal mudou. Foi o tempo de três vinte e cinco de Abril (o da libertação, em 74, e os de duas eleições, em 75 e 76), do 28 de Setembro, do 11 de Março e do 25 de Novembro, do PREC com o caso República e a ocupação da RR, da Reforma Agrária e do Poder Popular, e de tanta mais revolução. O Dicionário é um precioso recurso de memória e conhecimento que fica ao dispor de todos nós.

Faz sentido insistir com quem não viveu esse tempo inicial do 25 de Abril para que procure conhecê-lo. O 25 de Abril significa a Liberdade com maiúscula. A liberdade que trouxe esperança, horizontes e poder para as pessoas. A liberdade que se impõe como o mais precioso dos bens e que implica respeito e responsabilidade, imperativos morais que permitem a boa convivência.

Importa entender o que era antes do 25 de Abril a falta de liberdade para que esta conquista possa ser devidamente celebrada e acarinhada. Antes, não havia liberdade para falar, para escrever, para publicar, para que as pessoas se reunissem, para que pudessem discordar. Hoje nem discutimos essas liberdades, porque quando as temos em plenitude estão incorporadas na nossa vida de todos os dias.

Mas as notícias do mundo trazem-nos todos os dias relatos de como em tantos lugares é violado esse bem fundamental que temos. Há que o cuidar bem. Infelizmente, a escola continua sem nos mobilizar para pensarmos a história. Os media, salvo algumas notáveis exceções – como acontece com a série A Guerra, de Joaquim Furtado – também não têm estado no melhor tempo e estão longe de proporcionar muito do que poderiam fazer para que a sociedade seja melhor.

TAMBÉM A TER EM CONTA:

Um outro 25 de Abril, o de 1945: a Itália libertou-se da ocupação nazi articulada com os fascistas de Mussolini.

E ainda um outro, o 25 de Abril de 1792: a França da Revolução tinha declarado guerra ao rei da Boémia e da Hungria. Nesse dia, no final de uma ceia, capitão Claude de Lisle, do corpo de voluntários de Marselha na guarnição em Estrasburgo, interpretou um canto ao amor sagrado pela pátria, que galvanizou todos. Esse canto guerreiro passou a ser entoado pelas tropas no seu percurso, sempre com enorme adesão. Chamavam-lhe La Marseillaise. Tornou-se hino nacional da França. É um hino universal da liberdade.

A anunciada derrota militar próxima do “califado” vai levar a uma perpétua reinvenção com combatentes, como lobos solitários, dispersos pelo mundo? Por quanto tempo mais vamos ter a liberdade à mercê das emboscadas de terroristas?

A prática democrática do teatro na Grécia Antiga.

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