Os lesados do BES foram induzidos em erro, criaram-lhes expectativas que, depois, foram defraudadas, mas isto já se sabe há um ano. O que estava guardado para lhes ser pago nas contas do BES, as famosas provisões, desapareceu nas contas do novo Banco – ou melhor, foi utilizado para outras emergências.

Quando Carlos Costa decidiu a resolução do BES, no início de Agosto, assumiu prioridades, e os lesados não estavam entre elas. É claro que a confirmação – expectável – do falhanço da venda do Novo Banco em plena pré-campanha só poderia ter maus resultados. Por todas as razões.

Em primeiro lugar, confirma que a resolução do BES foi um erro, que custou 4,9 mi milhões de euros, 3,9 mil milhões dos quais dinheiro dos contribuintes com a promessa de que será pago pelos bancos ao longo dos próximos 40 (!) anos. E, não, a alternativa não era entre nacionalização, como a do BPN, e a resolução, do Novo Banco. Havia uma terceira via, que o BCE e o Governo não quiserem seguir. Por razões diferentes. Azar. O nosso. E dos lesados do BES.

Como é que Pedro Passos Coelho e António Costa estão a responder ao caso-BES e ao problema dos lesados? Da pior forma, entre o patético e o irresponsável. O primeiro-ministro deu asas à sua veia criativa e, talvez incentivado pelo ambiente de campanha, sugeriu aos lesados do BES o lançamento de uma subscrição pública – ao estilo operação-coração lançada há uns anos pelo Benfica – para apoiar os que não têm condições económicas de aceder à justiça. Importa-se de repetir!? Então, é o próprio primeiro-ministro a reconhecer que não foi capaz de por a justiça ao serviço de todos, sobretudo daqueles que não têm condições económicas.

O líder do PS, por seu lado, garante que vai por o Estado a pagar o que os lesados do BES reclamam, um valor na ordem dos 600 milhões de euros, mais ou menos o que o Governo se comprometeu a cortar em pensões junto de Bruxelas e que António Costa diz não ser necessário cortar. Importa-se de repetir!? Portanto, um governo PS vai usar dinheiro dos contribuintes para substituir-se às responsabilidades do Novo Banco – entretanto desaparecidas por obra e graça... de Carlos Costa – e já agora da Justiça, que terá de ser chamada a este tema, mais tarde ou mais cedo.

E sobre o dia seguinte do Novo Banco ao anúncio de que não será vendido, só à espera das eleições, claro? Nenhum dos dois diz nada de jeito, que tranquilize. Apesar de estar em causa um banco que, na verdade, passará rapidamente ao regime de ‘nacionalizado’. Passos remete para Carlos Costa e António Costa remete para Passos Coelho e para Carlos Costa. Não há gestão, por melhor que seja, e a de Eduardo Stock da Cunha tem sido das boas, que resista a esta incerteza. Pois, havia quem esperasse uma campanha de mal a melhor, mas infelizmente, caminhamos de mal a pior.

O que não pode perder?

A tragédia dos refugiados atingiu um novo patamar, que põe em causa a própria Europa e a sua organização política. Como não há resposta integradas, cada país gere como sabe e pode, até não poder mais. Foi o caso da Alemanha. Pode ler no Diário Económico de hoje, com link direto aqui no Sapo24, a decisão de Angela Merkel de suspender unilateralmente o espaço Schengen de livre circulação de pessoas. E isto ainda só agora começou.

Porque o país e o mundo não são feitos apenas de más notícias – felizmente -, vale a pena ler o ranking internacional do Financial Times sobre as melhores escolas de gestão. E Portugal não está mal, tem dois mestrados entre os 250 melhores do mundo, os da Nova e Católica. Aí está uma pergunta a que Pedro Passos Coelho e António Costa deveriam dar resposta: o que se propõem fazer para duplicarmos, numa legislatura, a presença de escolas portuguesas neste ranking?

Hoje ficámos por aqui, para a semana regresso aqui ao Sapo24. Tenha uma boa semana.