Imaginem.

O nosso sistema seria presidencialista e em vez do tio Marcelo que dança com velhas e dá mergulhos de Inverno, teríamos um pato bravo que andava de descapotável, logo que os posts de Facebook batessem nos 18 Celsius, e que se chamava Donaldo Trãpe.

Imaginem que não havia céu, é fácil se tentarem.

Aliás, habituem-se à ideia porque o Donaldo não acredita nas alterações climáticas e um dia não haverá mesmo.

Donaldo começa por nomear José Pinto Coelho, líder do PNR, para Secretário-Geral da Ofensa Gratuita e Deportação à Base do Pantone da Pele, da Crença Divina ou de Educação a Mais. E nomeia ainda Pedro Arroja, cuja mãe não sabe fazer pénis, para Director do Departamento de Doentes de Homossexualidade e ainda para Grande Embaixador do Movimento Pelas Mulheres de Volta à Cozinha.

Imaginem que não há países.

Porque a terceira estalou e não há muros erguidos que segurem fronteiras num mundo a colapsar.

Mas o Donaldo reina no pedaço. No Martim Moniz, manda os imigrantes construir e pagar uma Torre Trãpe antes de os deportar, afirma que o único jornalista sério em Portugal é o Nuno Luz e, não tendo o Twitter grande expressão em Portugal, desata a fazer directos no Instagram onde explica como se agarra as mulheres pela gatinho (usei o Google Tradutor).

Imaginem toda a gente a viver em paz.

Em paz de consciência não será certamente, mas talvez num estado de dormência colectiva trazida pela incredulidade.

E decreto atrás de decreto, assinado sempre com um retrato de António de Oliveira pelo ombro, lá vai ele segregando, discriminando, espalhando o medo, instalando o caos enquanto nós vemos televisão e comentamos a chuva nas redes sociais.

Vocês até podem dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único a achar que isto tudo ainda vai dar merda para todos, incluindo Portugal.