Curiosamente, estava em Cuba, esse país tão amigo dos Estados Unidos da América, quando recebo uma mensagem (SMS mesmo, é complicado ir à net naquela ilha) a dizer “o Trump ganhou”. Foi a meio da noite, eu tinha acordado por qualquer razão (talvez alguém a chorar pelo Fidel, que não era nada um ditador, nada), olhei para o telemóvel e li aquilo. Não pode, este gajo – o remetente – está sempre a dar-me baile e a inventar coisas à toa. Claro que isto não é verdade. Até me lembro quando ele uma vez me ligou a dizer “olha, tenho a certeza, tenho fontes mesmo muito fidedignas, que o Sócrates é inocente e é uma pessoa muito pura, um mártir, um herói do país!”. Eu ri-me muito e continuei a tentar comprar um pequeno-almoço ao Figo para ver se ele apoiava um afilhado meu que está a concorrer para presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Nossa Senhora de Cabecinhas de Cima.

Naquela noite, vi a mensagem – só podia mesmo ser mentira, nem nos EUA era possível que um Trump ganhasse – e voltei a dormir.

Quando acordei, lá tentei ir a um café ou hotel onde conseguisse ir à net. Era verdade. COMO É QUE ESTE ATRASADO MENTAL GANHOU? COMO? MAS ESTÁ TUDO PARVO? É racista, é demagogo, é mentiroso compulsivo, é misógino, sofre de um nacionalismo bacoco e nem sequer é inteligente. Podia ser. Há grandes vilões da História que eram, mas este é tem o QI de um texugo de ressaca e meio espancado à saída do Urban.

Entretanto, ainda mal recuperados do choque, passou um ano e eu não consigo deixar de me surpreender todos os dias. Já disse coisas como “a Melania gostava muito de estar aqui, mas infelizmente não pôde” com ela literalmente ao lado. Já atirou, à lá Michael Jordan, papel higiénico para as vítimas do furacão em Porto Rico. Agravou, e muito, as relações com a Coreia do Norte, Japão e pessoas do mundo no geral. Já insultou, directa ou indirectamente, mais gente num ano do que todos os elementos juntos da Juve Leo, Super Dragões e No Name Boys ofenderam os árbitros nos últimos 50 anos. Mas ao menos, para não chorarmos, já nos fez rir muito.

Mas já chega. Rebenta a bolha. Foi giro, deu para rir. Mas agora a sério, isto tem de andar para a frente. Gostava um dia de ter filhos e que eles não vivessem num mundo altamente racista, xenófobo, sexista, cegamente capitalista e por aí fora. Isto é, se ainda houver mundo, visto que também se ignora o ritmo a que o estamos a poluir e destruir. Ah! Esqueçam isso de eu ter filhos. Isto assim vai durar mais 3 ou 4 anos aninhos.

Hoje vou beber shots de tequilla pelos olhos para comemorar o Trump e o fim do mundo. Venham ter comigo.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

HeForShe: O movimento pela igualdade de género da ONU, cuja embaixadora internacional é a minha adorada Emma Watson, vai ter em Portugal – através da sua delegação portuguesa – a sua conferência. Vai ser já amanhã (quinta-feira) no ISCTE a partir das 15h00. O pior é que no painel das 18h00 eu sou um dos oradores. De resto, vai ser bom.

Wasted Rita: Não conhecem? Basta passar no Instagram. Sou um grande fã do trabalho da artista que tem agora uma exposição a decorrer na Underdogs Gallery. Passem lá.

Mindhunters: Mais uma série incrível da Netflix.

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