Afirmei-o e repito as vezes que forem necessárias porque há coisas com as quais não podemos continuar a pactuar. Na altura, a questão respeitava ao preço das tarifas dos transportes públicos, o mau serviço, e as greves constantes que prejudicam o normal funcionamento das organizações. As m*rd*as são também outras, como o marketing dos brindes e das amostras que rendem likes mas não pagam contas a ninguém, dos eventos para ver e ser visto, nos quais não vemos verdadeiramente ninguém, com marcas a acharem que estão a comunicar. Não estão. Estão a mostrar um certo glamour bacoco que as posiciona exatamente nesse contexto pouco relevante das redes sociais, que pode vender no imediato, esfumando-se rapidamente...

É o Big Brother dos tempos modernos em que estamos todos de olho no outro, medindo quem vê o quê, onde e quando, ao mesmo tempo que puxamos os cordelinhos das marionetas, manipulando as supostamente fiáveis métricas do digital.

Alinhar com a tendência, quando discordamos, equivale a aceitar mais um estágio não remunerado, porque atrás de nós estão outros 30 a pedir por favor para ficarem, ou a deixar as coisas tal como estão só porque dá trabalho mudar.

Tenho a terrível sensação de que se zangaram as comadres e se estão a descobrir as verdades, algumas tão raras que parecem mentira. São cantinas que dão comida que nem aos porcos deveria servir, um organismo público que repentinamente muda de morada ou cenas raríssimas que deveriam servir o bem comum. Ouvimos as notícias mas, muitas vezes, andamos por aí a fazer de conta que não sabemos, porque dá menos trabalho do que levantar a voz e apontar o dedo a quem está errado. E esses, vão continuando, na confortável segurança de uma certa impunidade que decorre da insegurança e preguiça dos outros. Se eu podia escrever um texto bonitinho ignorando estas m*rd*as todas? Podia. Mas pactuarmos com isso é perpetuar um estado de coisas que nos levará a uma sociedade cada vez mais podre e individualista.

Não quero - não queremos - isso.

Vivemos numa democracia que facilmente se corrompe por vestidos e camarão. Ser corrupto é mau. Mas pior é a corrupçãozinha de vão de escada (ou de quiosque), de quem leva para casa os clipes ou os rolos de papel higiénico. Não terá sido isso, mas creio que ninguém irá esquecer as pérolas deste caso que envolve vestidos, spa’s, gambas e outros pequenos luxos. A Raríssimas, criada com essa nobre missão de partilhar experiências, promover, divulgar e informar sobre pessoas raras, com doenças raras, é uma IPSS que recebe milhões de entidades públicas e outro tanto de associados e mecenas, pelo que não se percebe como chega a esta mediocridade que acrescenta letras ao nome de família ou um título académico ao nome próprio.

Sou contra julgamentos prévios, especialmente em praça pública, naquela lógica do dia-a-dia da polémica irracional, dos ódios de estimação que demonstram mais imbecilidade do que conhecimento na matéria. Mesmo perante a velha máxima de que onde há fumo, há fogo, tento sempre dar o benefício da dúvida mas, neste caso, parece-me particularmente difícil. Se o caso das Raríssimas me incomodou? Tanto quanto a vocês. Mas, antes de falar sobre ele, importa perceber que isto - tudo isto - é apenas a ponta de um iceberg maior do que podemos imaginar e que estamos todos a bordo do Titanic.

Salve-se quem puder?... O melhor é #NãoPactuarComEstaM*rd*

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