Não posso dizer que sou amigo do Zé Pedro. Mas tinha aquele orgulho (que alguns poderão achar simplório, admito) de dizer que o conhecia pessoalmente. Ou melhor, de sentir que ele se lembrava de mim.

Quando os Xutos & Pontapés deram o seu concerto de celebração dos 25 anos de carreira no então Pavilhão Atlântico, eu estava lá. E como conhecia um familiar de uma das pessoas da banda, tive oportunidade de ir ao backstage e de conhecer o Zé Pedro. Estávamos em 2004, eu tinha 17 anos e lembro-me de lhe dizer que contava estar ali, naquele mesmo espaço, dali a 25 anos, para vê-los comemorar os 50 anos de carreira. Ele, elegantemente, respondeu que nessa altura seria ele a ver-me no palco, a tocar (sem saber que os meus dotes para “arranhar” a guitarra estão próximos de os de uma alfaia agrícola).

Quase 10 anos depois, fiz parte da organização de um evento chamado Portugal Festival Awards, uma espécie de “Óscares” dos festivais de música. Era preciso compor um júri e um dos nomes que pensámos que seria indispensável seria o do Zé Pedro. Enviei-lhe um e-mail, mas durante alguns meses nunca obtive resposta. Até que um dia recebo uma chamada e do outro lado me dizem “Estou? Olá, é o Zé Pedro”. O meu silêncio – “não conheço nenhum Zé Pedro”, pensei – foi seguido por um “...dos Xutos, sabes?”. Claro que sei. Toda a gente sabe.

Lembro-me também da “inveja” dos meus amigos quando, na 2.ª edição dos Portugal Festival Awards, o Zé Pedro se despediu de mim no Cinema São Jorge dizendo “Então vá, Joãozinho. Eu vou andando. Mas foi muito giro!”. “O Zé Pedro chamou-te ‘Joãozinho’. São amigos?!”, perguntaram-me, ao que se seguiu um “invejoso” e vocal “vai-te lixar!”, quando lhes disse que não, mas que ele era só “assim”. Simpático. Cavalheiro. Maior do que eu.

No ano passado, aqui no SAPO24, tivemos a ideia de criar uma rubrica em vídeo com 24 perguntas e o Zé, simpaticamente, recebeu-nos em sua casa para uma espécie de episódio-piloto. Mostrou-nos a sua foto com o Eddie Vedder, o seu busto em LEGO e, acima de tudo, contou-nos histórias suas. No final das 24 perguntas, ficámos mais de uma hora a conversar, a falar de música, a falar da vida.

No final, agradecemos muito a sua hospitalidade e ele virou-se para mim e disse “Então adeus, Joãozinho! Até à próxima!”.

Até à próxima, Zé! E obrigado.