A história da ‘startup’ portuguesa Knok Healthcare nasce num dia em que um dos seus cofundadores teve de levar o filho de cinco anos a um hospital, por causa de uma virose, três vezes em apenas nove dias, perdendo três manhãs de trabalho.

E a experiência não correu nada bem: “foi péssima”, conta à Lusa José António Bastos. Tudo correu mal com os médicos, não por causa da doença em si, mas nos contactos com os clínicos. E enquanto esperava numa sala de espera disse a si próprio: “isto não faz sentido!”

Questionou-se então se não existiria uma aplicação que permitisse selecionar um médico e chamá-lo, seja a casa ou a um local de trabalho e de forma a não perder muito tempo. “E não encontrei”.

Mas a ideia de criar uma aplicação nesta área não decorreu apenas da sua experiencia como pai. A sua experiência como neto também foi determinante para incentivar a criação da empresa: a avó tinha problemas extremos de mobilidade e não conseguia ter médicos especialistas a irem a casa dela.

A aplicação criada pela Knok Healthcare permite que os doentes chamem médicos para serviços de medicina primária, nas áreas de medicina geral e familiar, pediatria e medicina interna. “O objetivo é um serviço de saúde de grande qualidade, onde os médicos vão ao encontro das pessoas que os chamam”, por um valor de 49 euros.

Lançada a 4 de dezembro de 2015, e com a primeira consulta realizada dois dias depois, a aplicação conta atualmente com 120 clínicos, selecionados através de três fases: verificação das habilitações, reunião clínica e uma avaliação de natureza humana para perceber se o candidato se identifica com os ideais da empresa.

Nos primeiros onze meses, José António Bastos constatou que os clientes são de três tipos: crianças, e são os pais que chamam, idosos a cargo de terceiros ou que vivem sozinhos, e normalmente são os filhos ou os netos que chamam, e adultos para eles próprios. Os médicos inscritos indicam na sua parte da aplicação se estão ou não disponíveis, o que fica visível aos utilizadores.

“Temos pessoas que estão a trabalhar no escritório e não querem sair do local de trabalho e querem ser vistos por um médico”, exemplificou.

A aplicação já teve mais de 4 mil downloads, sem qualquer publicidade, e o negócio está a crescer 14 por cento à semana. Mas o empurrão para a “massificação” pode ter chegado na terça-feira, quando a empresa assinou na Web Summit um contrato de investimento no valor de 350 mil euros com uma empresa de capital de risco inglesa, interessada em projetos com “impacto social positivo”, mas com “retorno financeiro relevante”.

O contrato foi assinado durante a cimeira, mas este é um trabalho que começou há seis meses e que passou por várias etapas, desde a análise do modelo de negócio, a discussão de contratos e a assinatura. E que acabou por ser atrasado devido ao ‘Brexit’, já que a empresa inglesa foi aconselhada a não fazer novos investimentos durante a indefinição em torno da saída do Reino Unido da União Europeia.

350 mil euros é um valor que o co-fundador considera “interessante” e que vai permitir aumentar a rede em Portugal e avançar com a internacionalização, em Espanha, para começar. “Vamos investir um pouco mais em publicidade e marketing para nos darmos a conhecer”, disse, visivelmente orgulhoso com a assinatura do contrato.

A empresa foi fundada por nove pessoas e sempre funcionou com esse número, mas apenas dois dedicam-se a tempo inteiro. Mas isso está prestes a mudar. Com este financiamento, “se tudo correr bem”, serão seis a tempo inteiro.

A Web Summit de Lisboa, que arrancou na segunda-feira e decorre até quinta-feira, conta com mais de 53.000 participantes, de 166 países, incluindo 15.000 empresas, 7.000 presidentes executivos e 700 investidores.

Entre os oradores estão fundadores e presidentes executivos das maiores empresas de tecnologia, bem como importantes personalidades das áreas de desporto, moda e música.

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