Viajar no tempo é algo que sempre fez parte imaginário humano. O fascínio que sentimos em tornar esta fantasia de ficção científica real faz-nos andar às voltas em torno deste tema. Quem nunca sentiu fascínio por outra época que não a sua? E quem nunca sentiu vontade de voltar atrás no tempo para emendar um erro? Ou para descobrir e estudar eventos científicos ainda por explicar?

Pois bem, em breve vai ser possível fazer algo neste campo. Em parte, pelo menos. Por enquanto, vamos voltar atrás no tempo para estudar a origem das estrelas.

Escreve o Quartz que a 1 de março, o astrofísica da NASA, Amber Straugh, explicou que para atingir este ambicioso objetivo os cientistas contam com a ajuda de um gigantesco telescópio de infravermelhos que pode observar a formação de estrelas a 13 mil milhões de anos-luz.

Uma equipa de astrofísicos está a finalizar a última ronda de testes no Telescópio Espacial James Webb (também conhecido por Webb ou JWST), cujo lançamento está previsto para outubro de 2018.

Trata-se de um instrumento grande - muito grande, do tamanho de um campo de ténis e com quatro andares de altura - criado no âmbito de um projeto conjunto da NASA, da Agência Espacial Europeia e da Agência Espacial Canadiana e está preparado para capturar a ínfima luz dos recantos do espaço.

"Não se enganem. Isto é muito, muito difícil, ficando à beira do impossível", explicou Straugh numa palestra online (disponível em vídeo aqui).

O telescópio Webb demorou 20 anos a ser desenvolvido e vai ter a missão de substituir telescópio espacial Hubble. E, ao contrário do que sucede com este último, o Webb funciona com tecnologia de infravermelhos. Isto é, em vez de utilizar luz para formar imagens, utiliza calor. E como vai esta mudança ajudar os astrofísicos? Porque lhes vai permitir observar as primeiras estrelas (que por agora estão "tapadas" por uma poeira cósmica de nuvens) e compreender como elas se formaram.

Os cientistas explicam que depois do Big Bang, o universo era basicamente uma sopa quente de partículas composta de protões, neutrões e electrões. E quando esta começou a arrefecer, as fontes de luz partiram os átomos de hidrogénio, em larga escala, e transformaram o átomo de neutro a ionizado. Acredita-se que este acontecimento permitiu que a luz viajasse livremente pela primeira vez, acabando por originar as estrelas e, eventualmente, também as galáxias.

A criação das primeiras estrelas marca o fim daquilo a que os astrofísicos chamam de "idade das trevas" do Universo. Os cientistas suspeitam de que isto terá decorrido milhões de anos depois do Big Bang, mas não conseguem precisar como ou quando.

E é aqui que entra o novo telescópio Webb. Este vai permitir e ajudá-los a perceber melhor este acontecimento, pois vai permitir 'ver' na escuridão do passado e fotografar a luz das estrelas que existiam no início do cosmos.

"Imaginem a luz a sair das estrelas e das galáxias pela primeira há 13.6 mil milhões de anos e a viajar pelo tempo e espaço para chegar aos nossos telescópios", explica a NASA.

Porém, há que ter em conta que muita coisa pode dar errado. O telescópio vai estar a uma distância tão profunda no espaço que não é possível reparar qualquer dano que venha a existir, ficando situado mais longe da Terra do que qualquer outra construção humana já esteve no espaço. Tradução: uma vez lá, tudo tem de correr de forma perfeita.

E apesar desta experiência ainda estar um longe da 'viagem no tempo' com que alimentamos o nosso imaginário desde as jornadas de Marty McFlye e de Doc Brown em o "Regresso ao Futuro", certamente que não deixará de nos iluminar o futuro.

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