A Fundação Ingmar Bergman foi encarregada pelo governo sueco de coordenar a celebração do nascimento do realizador, que começa este outono em alguns países, e continua ao longo de 2018 por todo o mundo.

O primeiro ‘remake' de um filme seu, "Cenas de um Casamento", vai ser produzido e transmitido internacionalmente, com Hagai Levi, e a sua obra vai ser também "reinterpretada e reimaginada" em 50 novas produções teatrais em países como Austrália, Alemanha, EUA, Dinamarca, Finlândia, França, na maioria, adaptações de guiões de cinema - sendo "Cenas de um casamento" o mais representado.

Em destaque vão estar a ópera de "Sonata de Outono" na Finlândia, "A Hora do Lobo" em teatro de marionetas em Koblenz, na Alemanha, "Fanny e Alexander" encenado pela filha Eva Bergman, a primeira vez que visita uma obra do pai, no teatro municipal de Gotemburgo, e "Private Confessions", encenado por Liv Ullman, no Kennedy Center, em Washington.

Estão previstos cinco novos documentários (dois alemães, um sueco, um finlandês e um francês), retrospetivas de cinema, exposições, conferências, e publicação dos seus textos (seis diários de trabalho e 38 argumentos, alguns nunca filmados ou inéditos), além de biografias e análises à obra de Bergman.

O lançamento oficial do programa, disponível em www.ingmarbergman.se, foi feito hoje na embaixada da Suécia em Londres, cujo titular, Thorbjörn Sohlström, abriu a sessão, afirmando: "Ingmar Bergman foi e é um gigante da cultura sueca e o próximo ano será uma ótima oportunidade para partilhar a sua obra e legado com novas audiências".

A atriz, e uma das musas de Ingmar Bergman, Liv Ullmann, um pouco emocionada, declarou: "A arte do Ingmar não pode ser resumida em poucas palavras - nem vou tentar."

Falando sobre o homem com quem trabalhou e com quem também teve uma filha, Linn Ullman, vincou que "ele acreditava que precisava dos outros para criar um sentimento de união. Ou como dizia, sentimento de união egoísta".

"Era um homem de solidão, um ‘highlander'", continuou, agradecendo: "Obrigado, Ingmar. Precisamos de artistas como tu para nos lembrarmos quem somos e porque somos todos únicos e estamos todos relacionados".

Liv Ullman descreveu o realizador sueco como alguém "divertido e carinhoso", que ficava envaidecido com as boas críticas, mas nervoso antes de as ler.

Numa ocasião, pediu a Ullman que comprasse o jornal e lesse a crítica a um dos filmes que era negativa, mas ela inventou uma opinião favorável.

"Nunca soube se ele descobriu. Nunca mais falámos nisso", confessou, divertida.

Realizador de 41 longas-metragens, 12 curtas e filmes publicitários e encenador de mais de 107 produções teatrais, o sueco Ingmar Bergman (1918-2007) morreu com 89 anos na ilha báltica de Fårö, onde viveu os seus últimos anos.

Considerado um dos mestres do cinema europeu, tem na sua filmografia títulos como "Verão de Amor" (1951), " Sétimo Selo" (1957), "Morangos Silvestres" (1957), "Em Busca da Verdade" (1961), "Lágrimas e Suspiros" (1972) "Sonata de Outono" (1978), "Fanny e Alexandre" (1982), "A Prisão" (1949), "Sorrisos de uma noite de verão" (1955), "Mónica e o desejo" (1953) ou, o último, "Saraband" (2003).