Para o advogado do estado de Bihar, a forma como o deus Rama tratou Sita mostra que, mesmo em tempos antigos, as mulheres não foram respeitadas. Rama é o herói do Ramayana, o épico sânscrito de 24.000 estrofes . É adorado por milhões na Índia e em todo o mundo .

"Estou ciente de que o caso pode parecer ridículo para muitos, mas temos de discutir esta parte da nossa história religiosa antiga.", explica à BBC  Singh, cujos argumentos não convenceram o tribunal.

Para além de o tribunal ter rejeitado o caso de Singh, a BBC revela que alguns dos seus colegas acusaram-no de "procurar publicidade". O advogado chegou mesmo a ser processado por difamação por um dos colegas.

Apesar das reações, Singh parece não querer desistir. Quer avançar com um novo processo, pois acredita que tem um caso válido. É nas escrituras religiosas que apoia o seu argumento. "Todos sabem que Rama pediu a Sita para provar que era pura depois de a salvar das garras do rei demónio Ravana. Ele não confiava em Sita", comentou à BBC. "Os indianos têm de reconhecer que Ram maltratou Sita", acrescentou.

O advogado indiano ainda negou estar à procura de publicidade. Para ele, não se pode falar sobre respeitar mulheres na Índia moderna quando se sabe que dos seus deuses mais adorados não tratava a esposa com respeito.

Durante a entrevista à BBC, o advogado admitiu que ficou surpreendido com as reações. "Eu esperava alguma objeção, mas não esperava que os meus colegas se voltassem contra mim", desabafou. "Só estava a falar de justiça, não tinha a intenção de ferir os sentimentos religiosos de ninguém".

Singh acredita que se o tribunal tivesse aceitado o seu pedido, teria enviado uma mensagem positiva para a mulheres. Segundo o advogado, o tribunal teria mostrado que o respeito pelas mulheres é importante para os indianos.

A BBC ainda falou com o colega do advogado, Ranjan Kumar Singh, que diz que Chandan  "insultou os hindus".