Não é fora do habitual avistar um táxi com publicidade. Volta e meia damos de caras com anúncios que vão desde a nova novela da noite a uma nova apólice de seguros, ou até a uma app. Até aqui, nada de estranho. Mas, na Tunísia, há um taxista que se destaca por promover a leitura através de anúncios colocados dentro e fora da sua viatura que, aliás, funciona como uma biblioteca ambulante.

O Trânsito em Tunes é caótico, explica o Quartz, pelo que o passageiro dispõe de um tempo razoável de leitura, podendo desfrutar de uns poucos parágrafos até chegar ao destino. Se, no entanto, optar por fazer uma viagem de uma ponta à outra da cidade tem tempo para ler um capítulo inteiro.

No táxi de Ahmed Mzougui há um alerta na porta: “Atenção: Este Táxi Contém Um Livro”. No interior, pequenos volumes de poesia, romances e livros de psicologia. Mzougui é um dos cinco profissionais a aderir à campanha lançada em outubro último pela plataforma online de partilha de livros, YallaRead (“Vamos, leia” em árabe).

Em colaboração com a E-Taxi, uma empresa que oferece um serviço semelhante ao da Uber, a YallaRead disponibilizou livros em alguns táxis em circulação, possibilitando aos seus passageiros a oportunidade de folhear umas páginas de alguns prestigiados autores, tais como Paulo Coelho ou Naguib Mahfouz, só para citar alguns exemplos.

A intenção é que o leitor, finda a viagem, tenha vontade ou seja encorajado a visitar a plataforma YallaRead e ir à procura do livro para terminar a leitura. Lançada na primavera do ano passado, esta plataforma de "trocas" permite aos leitores deixar lá a sua lista pessoal e encontrar material disponibilizado por outros bibliófilos.

Apesar da história rica a nível literário do mundo árabe, o volume de leitura na Tunísia, escreve o Quartz, é baixo. E o problema não reside inteiramente na literacia da população, tanto que 80% dos tunisinos são fluentes em árabe e francês, mas porque 75% dos agregados familiares não tem material literário para além do Alcorão, jornais ou revistas. Mais: apenas 18% dos tunisinos comprou um livro durante o ano passado.

Há razão para que isto aconteça. Ahmed Hadhri, de 24 anos, um dos cofundadores da plataforma, explica que os tunisinos estão a abandonar os livros físicos em detrimento do digital por ser uma opção mais barata e acessível.

“Os livros na Tunísia são caros e inacessíveis”, diz. “Não temos a Amazon e não conseguimos encontrar muitos títulos nas livrarias - as pessoas são obrigadas a pedir aos amigos que estão no estrangeiro para os comprar", esclarece.

Nos cinco táxis que atuam em parceria com a YallaRead, existem livros de várias temáticas, que vão desde a poesia à autoajuda e estão disponíveis em árabe, francês e inglês. E só há uma regra: não é permitida leitura que envolva religião.

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