A obra tem 1 metro e 40 centímetros de altura por um metro de largura. No centro de uma tela pintada a óleo que demorou cerca de dois meses a executar, está Marcelo Rebelo de Sousa sentado numa escada “exatamente como ele é, informal e com ar sorridente”, descreveu António Bessa.

Por baixo, num quadro de lousa, lê-se “Marcelo R. Sousa – Presidente de um povo é ser povo”. Em frente, um enorme de vidro faz a ponte entre a galeria/ ateliê do mestre António Bessa e uma das ruas mais movimentadas do coração da cidade do Porto.

É no número 314 da rua do Almada que “mora” o quadro que Marcelo Rebelo de Sousa, que está de visita a Porto para presidir às comemorações do 10 de Junho, pondera escolher para o representar no fim do mandato, colocando-o na galeria de retratos do Museu da Presidência da República.

O chefe de Estado visitou hoje a galeria no meio de uma agenda “muito atrapalhada”, como descreveu à Lusa o pintor António Bessa que recebeu Marcelo Rebelo de Sousa cerca das 13:30 depois deste ter “disparado rua acima” alertado por “uma senhora que passava por ele e lhe contou que um mestre assim assim tinha um retrato dele na montra”.

“Ele chegou com os seguranças todos atrás, entrou com a Guarda Civil e a assessoria toda, surpreendeu-se com o quadro e surpreendeu-me a mim. Disse-me que gostava que este fosse o seu retrato oficial e perguntou aos assessores como podia levá-lo. Eu sugeri ‘oh presidente se quiser eu levo-lho a casa’. E ele convidou-me a ir a Lisboa. ‘Traga-mo até ao final do mês’. Eu fiquei sem fala: ‘oh meu Presidente, isso é uma maravilha. Fica combinado’, disse-lhe”.

António Bessa, 63 anos, pintor “desde que se conhece por gente”, decidiu pintar Marcelo Rebelo de Sousa quando há um ano se cruzou com o chefe de Estado num jardim da Foz do Porto e este lhe deu um abraço.

“Ele agora queria comprar-me o quadro mas eu prometi retrata-lo porque senti aquele abraço como um abraço vindo do povo. Este presidente é um fenómeno”, descreveu o pintor que, questionado sobre quais as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa ao visitar a galeria, contou ter ouvido do Presidente da República a frase: “Este quadro é de todos os quadros que me pintaram, o mais fiel”.

António Bessa pintou o “presidente dos afetos” de frente “para o povo” e “com as pessoas a apreciar ao passar na rua”. Usou duas fotografias para se inspirar. Preferiu, continuou a descrever à Lusa, o “presidente sorridente ao invés do presidente com ar pensativo” e à medida que executava a obra, as pessoas interagiam consigo exatamente dando-lhe abraços.

“Ficam especadas a olhar através da montra, pedem para entrar e abraçam-me. Algumas pessoas vieram uma vez e voltaram mais tarde para ver a evolução da obra”, contou António Bessa que se instalou no número 314 da Almada há cinco anos, mas já faz parte do cenário desta rua há mais de 30.

O desejo de estar visível e de interagir com o público já o fez pintar um olho na caixa de correio de um dos seus ateliês antigos, convidando quem passava a espreitar o seu trabalho que inclui retratos de quatro outros presidentes, o da câmara do Porto, Rui Moreira, de Guilherme Pinto, o presidente da câmara de Matosinhos que morreu este ano, do presidente da Câmara de Arouca, José Artur Neves, e do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa.

Estes são retratos que fazem parte da sua mais recente exposição “Quatro presidentes e três cidades” que junta aos quatro “quadros presidenciais”, telas sobre três cidades – o Porto do seu coração, Matosinhos, onde reside, e Arouca de onde é a sua esposa – num total de 16 obras.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.