O acervo bibliográfico de Luís Romano tinha sido entregue pela filha à professora brasileira Simone Caputo Gomes, uma entusiasta e estudiosa da literatura cabo-verdiana, que agora o transmitiu à Biblioteca Nacional de Cabo Verde.

A cerimónia de doação aconteceu a bordo da fragata brasileira Independência, que se encontra atracada no Porto da Praia, após transportar o acervo, com mais de mil livros, objetos pessoais e condecorações, entre outros pertences.

A professora Simone Caputo Gomes lembrou o trabalho de diversas pessoas e instituições para retribuir o acervo ao povo cabo-verdiano, considerando que cumpriu uma “missão” e a vontade do escritor, que viveu desde os anos 1960 no Brasil, onde morreu em janeiro de 2010.

E uma dessas instituições é a Marinha do Brasil, que apoiou no transporte do acervo do escritor, através da Fragata Independência, que está a caminho do Líbano, para uma missão de paz das Nações Unidas.

A curadora da Biblioteca Nacional de Cabo Verde, Fátima Fernandes, considerou que a doação do acervo de Luís Romano é um “gesto de reconhecimento” e os frutos das relações entre o Brasil e Cabo Verde.

Já o embaixador do Brasil em Cabo Verde, José Carlos de Araújo Leitão, disse que se trata de um “momento histórico” e referiu que os livros serão distribuídos a instituições cabo-verdianas.

O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, disse que o regresso da biblioteca de Luís Romano ao país é o cumprimento de uma missão e um “momento histórico” para a literatura, artes e cultura do arquipélago.

“Luís Romano é um corpo enorme estendido entre as ilhas de Cabo Verde e Brasil”, afirmou o ministro, que condecorou a Marinha Brasileira com o 2.º Grau de medalha de Mérito Cultural e Luís Romano, a título póstumo, com o 1.º Grau da medalha da ordem de Mérito Cultural.

“Esta é uma batalha muito bonita que a Fragata Independência faz em nome de Cabo Verde, sem o disparo de um tiro, sem qualquer manobra que ponha em causa outra coisa, senão a nossa sensibilidade e emoção”, referiu o governante.

Esperando que o ato sirva para se valorizar, estudar e conhecer mais os escritores cabo-verdianos, Abraão Vicente garantiu que o acervo de Luís Romano será cuidado da melhor forma e disponibilizado “o mais rapidamente possível” ao público cabo-verdiano.

“Muito mais do que um ato simbólico, este é um momento há muito esperado por muitos cabo-verdianos, os que conhecem e os que não conhecem, porque hão de conhecer a obra de Luís Romano”, perspetivou.

O ministro da Cultura garantiu que o Governo de Cabo Verde vai ver com os familiares a melhor forma de continuar a homenagear e a perpetuar a obra e a memória de Luís Romano, que nasceu em 1922, na Ponta do Sol, concelho da Ribeira Grande de Santo Antão.

Luís Romano de Madeira Melo foi um poeta e romancista cabo-verdiano, que viveu muitos anos no Brasil, tendo deixado uma vasta obra, da qual consta o romance “Famintos” (1962), seu livro mais conhecido e uma referência da literatura cabo-verdiana.

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