"Vou apresentar mais de cem peças, sobretudo de vestuário, inspiradas no traje à vianesa, o primeiro do país a obter a certificação. O desfile sairá do palácio dos Viscondes da Carreira ou palácio dos Távora, onde funciona a Câmara e percorrerá o Passeio das Mordomas da Romaria, ambos em pleno centro histórico da cidade e envolvendo mais de 200 pessoas", explicou hoje à Lusa a artista Isabel Lima.

Intitulado "Alma de Princesa", o espetáculo vai decorrer no próximo dia 12, entre as 22:00 e as 23:30 terá como cenário aquele edifício, construído no século XVI e rua fronteira, anteriormente, designada de Cândido dos Reis mas que, em 2008, a Câmara - então liderada pelo ex-autarca Defensor Moura - rebatizou de Passeio das Mordomas da Romaria, em homenagem à mulher vianense.

Durante o desfile da criação contemporânea da artista de Viana do Castelo nas varandas do edifício camarário “estarão jovens trajadas, representando todas as freguesias” do concelho.

"As jovens trajadas vão abrir a primeira parte do desfile, dedicado à etnografia e, na segunda parte do evento, de apresentação da minha nova coleção as jovens estarão nas varandas da Câmara. É uma manifestação cultural feita de memórias do passado e de fusão entre o antigo e o moderno",sustentou.

A iniciativa inclui dança, música e a atuação de uma banda filarmónica.

Isabel Lima produz, há vários anos, peças de vestuário, acessórios de moda, mobiliário, artigos decorativos, todos inspirados no traje regional de Viana do Castelo, o primeiro do país a obter certificação.

O processo de certificação foi adjudicado pela câmara municipal em maio de 2013 à Associação "Portugal à Mão", a mesma, entre outras entidades, que também participou na certificação do bordado de Viana, concluída em agosto de 2012

O pedido de registo do típico "traje à vianesa", com origem no século XIX, foi formalizado pela Câmara de Viana do Castelo em junho de 2015. Na ocasião, o executivo justificou a decisão de certificar o traje com a necessidade de evitar a "confusão" e a "apropriação" do mesmo por outras regiões.

No final de 2016, foi publicada em Diário da República a aprovação, pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), da inclusão da produção tradicional "Traje à Vianesa - Viana do Castelo" no Registo Nacional de Produções Artesanais Tradicionais Certificadas.

O traje assume-se como um símbolo tradicional da região nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, onde sobressai o vermelho e o preto, foi utilizado até há cerca de 120 anos pelas raparigas das aldeias em redor da cidade de Viana do Castelo.

Os exemplares que ainda hoje se conservam, alguns nas mesmas famílias, terão cerca de 60 anos.

As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região de origem, no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, "num símbolo da identidade local".

A romaria d'Agonia, que decorrem entre 17 e 20 de agosto, sobretudo o tradicional desfile da mordomia, com mais de 500 mulheres devidamente trajadas pelas ruas da cidade de Viana do Castelo, assume-se anualmente, como a principal montra do "traje à vianesa".