I’d Die for You: And Other Lost Stories” ("Morreria por ti: e outras histórias perdidas", em traduçao livre) é o título da compilação. A coleção de contos vai ser publicada pela Scribner, editora da Simon & Schuster, na próxima primavera, em abril de 2017.

Escritos durante os últimos anos da década de 30, de acordo com o The Guardian, são contos que o próprio Fitzgerald não conseguiu vender por serem considerados, à época, inapropriados e demasiado arrojados.

“Algumas destas histórias foram submetidas a grandes revistas, que as aceitaram para publicação durante o tempo de vida de Fitzgerald, mas nunca foram impressas”, conta a Scribner, acrescentando que Fitzgerald preferiu manter a integridade do seu trabalho a aceitar que este fosse alterado pelos editores contemporâneos, mesmo "num tempo em que precisava de visibilidade e dinheiro".

I’d Die for You”, conto que dá nome à coleção, surgiu num tempo em que Fitzgerald viveu nas montanhas do estado da Carolina do Norte, preso ao alcoolismo e com a sua mulher, Zelda, internada num sanatório, escreve o The Guardian.

A compilação de contos foi editada por Anne Margaret Daniel e explora temas "familiares e atuais". A obra oferece "um olhar íntimo sobre o processo criativo de Fitzgerald", adianta a editora.

Textos perdidos? Nem por isso

O nome menciona "histórias perdidas", mas na realidade estes contos estavam bem seguros nas gavetas dos arquivos da Universidade de Princeton, nos EUA, desde que foram oferecidos pela filha, Frances Scott Fitzgerald, ainda nos anos 50, adianta o The Guardian.

O conto “I’d Die for You”, por exemplo, não foi publicado devido à sua natureza obscura. O agente de Fitzgerald faz referência a cinco revistas que rejeitaram a obra. “Uma das dificuldades com a história prende-se com a ameaça constante de suicídio que se estende por todo o texto”, disse. "Mas Fitzgerald recusou-se a aligeirar o tema, preferindo não publicar ao invés de sentimentalizar a sua visão, criando algo mais apelativo comercialmente - uma escolha que frequentemente fez antes, mas que não podia repetir”, conta o jornal britânico.

“I’d Die for You” foi escrito no mesmo período que um dos seus ensaios mais famosos, “The Crack-Up”. Neste trabalho, o autor descreve a batalha que travou com o estado débil de Zelda, a Grande Depressão, e o seu problema de alcoolismo.

A Scribner não revela que outras histórias vão estar incluídas na compilação de 320 páginas. Calcula-se, porém, que partilhem a narrativa presente em outras obras desse período como “The Lost Decade” ou “Financing Finnegan”.

Fitzgerald teve uma vida curta e trágica vida. Faleceu em 1940, aos 44 anos, escreve a AFP.

"Um autor deve escrever para os jovens de sua geração, os críticos da seguinte e, depois, para os professores de sempre". As palavras são do próprio Fitzgerald.