Em primeiro lugar, tem de saber que as novidades desta edição são várias. O aumento do número de participantes (de 16 para 26) faz com que cada semifinal tenha este ano 13 músicas a disputar um lugar na gala final. Para além disso, houve uma abertura a todos, profissionais ou anónimos, que tivessem vontade de subir ao palco do Festival, com dois concursos na Antena 1, e a possibilidade de o vencedor da edição passada voltar a concorrer ou convidar um compositor. Salvador escolheu Janeiro. A edição do festival número cinquenta celebra ainda a língua portuguesa, com o convite feito a vários nomes da música lusófona.

Neste ano, pela primeira vez, foram revelados excertos de 45 segundos das canções em competição. Para já, só se conhecem as da semifinal deste domingo, emitida em direto dos estúdios da RTP, a partir das 21h00. Ao Diário de Notícias, Gonçalo Madaíl, coordenador-geral do concurso, conta que esta é uma tradição de outros países que organizam um concurso nos moldes idênticos ao do Festival da Canção português. Para além disso, diz, que o lançamento prévio dos excertos pode “beneficiar as canções que precisam de maturação e de ser ouvidas mais do que uma vez”, nomeadamente as daqueles “artistas que não compõem canções demasiado pop”. Numa nota anterior enviada às redações, Gonçalo Madaíl explicava também que esta decisão surge depois de muitos pedidos de fãs enviados à RTP.

De José Cid a Janeiro: as 13 músicas

A estação pública lançou um convite a 22 compositores para que apresentassem uma canção original inédita, conforme a matriz do último ano. A estes juntaram-se o convidado de Salvador Sobral, dois autores que responderam ao concurso promovido pela Antena 1 e outro selecionado pelo júri do programa “Master Class” da mesma estação de rádio. Tal como na edição passada, foram os compositores a fazer o convite aos intérpretes para cantar as suas canções.

São estes os temas, intérpretes e compositores da primeira semifinal do Festival da Canção. Percorra a galeria para ficar a conhecer.

Janeiro, escolhido por Salvador Sobral, será o intérprete do seu próprio tema (“Sem título”). Também o farão JP Simões, com “Alvoroço”, e Rita Dias, vencedora de um concurso aberto da Antena 1, com “Com gosto amigo”.

Quem também irá atuar sozinho é José Cid, um nome histórico do Festival (esta será a 14ª vez no concurso, entre participações como intérprete e compositor). O cantor estava a concorrer com o seu sobrinho, Gonçalo Tavares, com canção "O Som da Guitarra É a Alma de Um Povo", mas diferenças “estéticas e vocais” ditaram o fim do duo.

Para além de Cid, há outros regressos “de peso” ao certame musical. Anabela, que foi à Eurovisão com “A cidade (Até ser dia)” em 1993, cantará “Para te dar abrigo”, de Fernando Tordo, que ganhou em 1973 com “Tourada”. Jorge Palma, que em 1975 compôs a meias com Pedro Osório “O Pecado Capital” e interpretou  “Viragem”, escreveu esta edição “Sem medo” para Rui David.

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O fadista Peu Madureira cantará “Só por ela”, na primeira vez de Diogo Clemente no Festival. Maria Amaral, que não é estreia na RTP e recentemente passou pelo concurso de talentos The Voice Portugal, interpreta “A mesma canção”, do guitarrista dos Gift Paulo Praça.

Francisca Cortesão, de Minta & The Brook Trout, e Afonso Cabral, dos You Can’t Win, Charlie Brown fizeram o convite a Joana Barra Vaz para “Anda Estragar-me os Planos”. Ela não estragou e aceitou.

Depois de assegurar as teclas e a produção musical de Lena D’Água, na edição passada, Luís Nunes (ou Benjamin), regressa com o convite a Joana Espadinha para interpretar “Zero a zero”.

Bruno Vasconcelos, dos Ultraleve, ruma à “Austrália” de Nuno Rafael, com letra de Samuel Úria. E de São Paulo para Lisboa, Mallu Magalhães convidou Beatriz Pessoa para cantar “Eu te amo”.

Catarina Miranda, também conhecida por emmy curl, será a intérprete dará voz a “Para não sorrir eu não preciso de nada”, do pianista Júlio Resende, companheiro de Salvador Sobral no projeto Alexander Search.

Um “aperitivo” de cada tema pode ser escutado no site da RTP. Ao contrário de edições passadas, a estação pública optou este ano por não divulgar a ordem das atuações.

A homenagem a Carlos Paião

O Festival presta nesta edição homenagem a três nomes maiores da história da música portuguesa e do próprio concurso: Simone de Oliveira, Carlos Paião e as Doce. Estas homenagens têm palco nas semifinais e na grande final, nos momentos que separam o desfile das canções da votação.

Nas duas semifinais, a organização convidou João Pedro Coimbra e Nuno Figueiredo, que na edição passada estavam como compositores, para que "pegassem no universo musical e nas canções de Carlos Paião, as trabalhassem e escolhessem uma série de vozes para as apresentar”, contou Nuno Galopim, Consultor da RTP para o Festival, ao SAPO24. 

A voz de “Pó de Arroz”, um dos grandes autores da história da música popular portuguesa, teve um papel muito importante na história do Festival da Canção. O músico teve na edição de 1980, um ano antes de vencer com "Playback", o seu momento de revelação pública televisiva. Carlos Paião, que morreu em 1988, participou ainda em 1983, ao lado de Cândida Branca Flor, com a música "Vinho do Porto (Vinho de Portugal)".

Ainda não são conhecidas as vozes que vão prestar a homenagem.

Votação e o "Júrisidro"

Os finalistas e vencedor são encontrados por votação do público (50%) e votação do júri (50%), num modelo inspirado no que tem vindo a ser seguido pela EBU (Eurovision Broadcast Union) nos últimos anos.

De cada semifinal sairão sete finalistas escolhidos por um júri que este ano volta a ser presidido por Júlio Isidro (ou carinhosamente apelidado de Júrisidro). A acompanhar o apresentador estarão os cantores Ana Bacalhau, Carlão, Luísa Sobral e Sara Tavares, a radialista Ana Markl, o jornalista Mário Lopes e os compositores Tozé Brito e António Avelar Pinho.

O presidente do júri tem voto de qualidade em caso de empate entre os jurados. Em caso de empate entre canções, depois de somados os pontos do público e do júri, o desempate é feito pelos jurados no caso das semifinais, pelo público na grande final.

Luísa Sobral, Ana Bacalhau, Mário Lopes, Júlio Isidro, Ana Markl e Sara Tavares (Da esq para a dir)

Semifinais em Lisboa, grande final em Guimarães

A primeira semifinal acontece já este domingo e a segunda está marcada para 25 de fevereiro, ambas em Lisboa. Jorge Gabriel e José Carlos Malato serão a dupla de apresentadores da primeira semifinal; Sónia Araújo e Tânia Ribas de Oliveira da segunda.

Filomena Cautela e Pedro Fernandes serão os responsáveis pela apresentação da grande Final, o espetáculo que reunirá as 14 canções finalistas e que acontece a 4 de março no Multiusos de Guimarães.

A “descentralização” do Festival não é uma novidade. Por outras vezes o palco do concurso deixou a capital: Porto (1983), Funchal  (1987), Évora (1989), Santa Maria da Feira (2001), por exemplo.

Se tiver curiosidade por conhecer o palco das emoções, a RTP faz uma visita guiada aos estúdios das semifinais. Em comparação com o ano passado, a "Green Room", a ou sala que recebe intérpretes e compositores quando não estão em palco, ganhou um estúdio próprio.

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