Os paleontologistas da Universidade de Queensland e da Universidade James Cook examinaram milhares de pegadas numa zona a 25 km da remota região de Waldamany, na Austrália Ocidental.

Steve Salisbury, autor de um estudo publicado na Memoir of the Society of Vertebrate Paleontology, explicou esta segunda-feira que se tratava do conjunto de pegadas mais variado do planeta. "É algo sem precedentes no mundo", disse.

"É muito importante. É a pegada dos dinossauros não aviários na parte ocidental do continente e o único lampejo que temos da fauna de dinossauros australianos durante a primeira metade do Cretáceo inferior", explicou. "É um lugar mágico, o Jurassic Park australiano. É uma paisagem selvagem espetacular".

Os investigadores examinaram as pegadas durante um período superior a 400 horas, entre 2011 e 2016, e identificaram 21 tipos de marcas diferentes procedentes de quatro principais grupos de dinossauros.

"Há cinco tipos de pegadas de dinossauros predadores, pelo menos seis tipos de pegadas de saurópodes herbívoros de pescoço longo, quatro tipos de pegadas de ornitópodes herbívoros bípedes e seis tipos de pegadas de dinossauros com carapaça".

Estas pegadas estiveram em risco devido a um projeto de tratamento de gás natural. Preocupados, os guardiões aborígenes do local entraram em contacto com os paleontologistas para que estudassem as pegadas que conheciam, aparentemente, há milhares de anos.

"O mundo deveria saber o que estava em jogo", explicou Phillip Roe, um responsável da comunidade aborígene dos Goolarabooloo. As pegadas de dinossauros são mencionadas num dos "ciclos de cantos" aborígenes da região, por meio dos quais são transmitidas histórias, rituais, códigos e leis de geração em geração.

O lugar havia sido classificado como património nacional em 2011, razão pela qual o projeto de tratamento de gás terá sido desmantelado.