“Já que temos provas de que [a Orquestra Geração] funciona, era interessante que o ministério olhasse para o projeto de uma forma diferente” para “poder aplicá-lo noutras zonas”, afirmou à agência Lusa Wagner Diniz, lembrando que o Ministério da Educação já apoia quase 60% do financiamento do atual projeto.

A celebrar 10 anos de existência, a Orquestra Geração começou na Amadora e foi-se expandindo pelos municípios de Vila Franca de Xira, Loures, Oeiras, Sintra, Sesimbra, Lisboa, Coimbra e Almada.

“Com as características do país, para uma expansão tem que ser um projeto assumido pelo Ministério da Educação”, advogou o fundador da Orquestra Geração, acrescentando que, “de outra forma, é um bocadinho mais difícil” conseguir-se alargar a outros municípios.

A Orquestra Geração arrancou no ano letivo 2007/2008 com 15 crianças e cinco professores. Atualmente, existe um total de 950 crianças e jovens a aprenderem música e cerca de 80 professores a lecionar no âmbito do projeto.

Wagner Diniz tem “esperança de que algum dia” seja possível avançar com o alargamento da iniciativa, apesar de ter consciência de que não será fácil.

“É mais fácil alargar um projeto de desporto, porque as pessoas já acham normal que isso aconteça, do que um projeto de artes, de música ou outros, porque aí as pessoas veem sempre como uma diversão e não como um aspeto estruturalmente de formação da criança”, desabafou.

Para o maestro Wagner Diniz, os dez anos de projeto provaram que é possível intervir socialmente através da música, pelo que agora cabe às várias entidades agarrarem a ideia e “verem o que é que podem fazer”.

“Esperemos que haja vontade e coragem política em Portugal para dar o passo a seguir, ou seja, o ministério assumir a importância do projeto e alargá-lo a mais zonas do país”, reforçou o fundador e coordenador.

No seu entender, o ‘know-how’ já existe e “há um número fantástico de professores já com experiência” para ensinar música às crianças e jovens de bairros desfavorecidos.

Além da expansão, defendeu a existência de “um contrato legislatura” que permita garantir o funcionamento do projeto durante os próximos quatro anos.

“Todos os anos estamos dependentes da autorização do ministério para contratar os professores para podermos existir. Nunca sei se no próximo ano vamos existir”, lamentou, referindo que a atual situação “causa alguns problemas”, porque impede investimentos a dois ou três anos.

O fundador criticou ainda o atual ensino da música e das artes no currículo escolar em Portugal.

“Num programa de educação obrigatório, que são 12 anos, existem dois anos de música a meio do percurso. […] Já não é mau, porque ao menos há qualquer coisa, mas acho bizarro”, declarou o maestro, defendendo que a formação musical nas escolas deveria ser “pelo menos do primeiro ao nono ano” e com uma vertente de orquestras escolares.

Atualmente, o orçamento anual do projeto Orquestra Geração é de um total de “um milhão e tal” de euros, que é financiado pelo Ministério da Educação em quase 60% para o pagamento dos professores contratados, pelos municípios em cerca de 20%, para o funcionamento orgânico do projeto, e por entidades privadas em quase 20%, para despesas diversas.

“Estamos a apontar para os próximos dez anos numa aposta muito grande na formação dos professores, […] porque também, se quisermos expandir, precisamos de ter já professores que possam enfrentar situações que às vezes são extremamente delicadas nas escolas para onde nós vamos”, explicou Wagner Diniz.

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