A admiração que as duas amigas sentem pela espanhola de 82 que, em 2012, fez o restauro do quadro Ecce Homo de Elías García Martínez, foi o ponto de partida para a mostra que abre hoje portas no espaço Art Room, na zona do Príncipe Real.

“Partiu da ideia de querermos fazer uma coisa com muito esforço e boas intenções, as melhores intenções de sempre, e não conseguirmos. Mas mesmo assim está tudo bem, porque tentámos”, recordou Mariana, a Miserável em declarações à agência Lusa.

Inicialmente a exposição esteve para chamar-se "fail" (falhanço), o que aconteceu com o restauro de Ecce Homo. No entanto, à medida que foi sendo construída aperceberam-se que estavam a encaminhá-la para o falhanço no Amor. “A questão do esforço em relacionamentos amorosos, que depois não acabam bem ou acabam simplesmente”, referiu.

Em “Love is a losing game” falam “de uma coisa um pouco trágica, mas com humor”. Além do humor, nos trabalhos expostos, tudo pinturas e desenhos novos à exceção de um quadro, predomina o cor-de-rosa, cor comum ao trabalho das duas artistas.

O trabalho das duas tem em comum, além do sentido de o humor e do cor-de-rosa, as ideias e o facto de falarem muito sobre o que sentem. “De nos expormos dessa forma, de, com a desgraça e os desamores que se passam na nossa vida, tentarmos transformar [o que passamos] com sentido de humor”, disse Maria Imaginário.

Começarem a trabalhar juntas foi algo “natural”. “Apesar de sermos pessoas com estéticas diferentes acabámos por nos integrar muito bem uma na outra”, referiu.

“Love is a losing game”, tal como as outras duas exposições que fizeram juntas, em 2013 e em 2015, foi construída à distância, já que Mariana, a Miserável, vive no Porto e Maria Imaginário, em Lisboa.

“Muito do trabalho que está aqui é resultante de conversas nossas, o processo é vivido em conjunto”, recordou Mariana.

As duas têm “uma capacidade abstrata enorme” de se compreenderem e, por isso, não é necessário verem o processo criativo uma da outra.

No sótão onde está instalado o Art Room, criaram um “labirinto com fita de cetim cor-de-rosa”, que “não tem saída, para causar desconforto”. É como amor, “que é muito bonito, mas magoa e vale a pena”.

As duas fazem questão de sublinhar que não perderam a fé no Amor. “Não separamos o nosso trabalho da nossa vida pessoal, óbvio que é uma exposição que nos sai muito da pele, é uma coisa muito íntima, mas já estamos resolvidas”, disse Mariana.

Prova disso é, por exemplo, uma das obras expostas onde se lê "let’s play again" (vamos jogar outra vez).

“Love is a losing game”, de entrada livre, é inaugurada às 19:00 de hoje e estará patente até 21 de novembro, de terça-feira a sábado, das 14:00 às 19:00.