Margaretha Zelle, conhecida como Mata Hari, tinha 27 anos quando chegou a Paris em novembro de 1903. Deixou a sua Holanda natal, após se divorciar do marido, Rudolf Mac Leod, um oficial da Marinha 20 anos mais velho que ela. Partiu em busca de fortuna e fez tentativas fracassadas como modelo do pintor Octave Guillonnet.

Começou então a dançar em salões privados com o cognome de Lady Mac Leod, antes de ficar famosa como Mata Hari ("o Sol" em malaio) com "danças indianas", apesar de nada saber  sobre elas. Apenas as imaginava, sustentada nas memórias da época em que viveu com o marido nas Antilhas Holandesas.

Emile Guimet, fundador do museu parisiense de artes asiáticas, abriu-lhe a sua sala de espetáculos para uma apresentação a 13 de maio de 1905. Começou vestida de princesa hindu e terminou nua. Foi o início de uma vida mundana que a transformou numa artista muito solicitada. Dizia ter nascido em Java e dançava como bem entendia, terminando sempre nua.

O sucesso das suas atuações foi passando boca a boca. E Mata-Hari acabou a dançar nos teatros parisienses da moda, do Folies-Bergère ao Olympia, e em outras capitais europeias. Só foi expulsa pelo diretor do Odeon por achar que não sabia dançar.

Viveu nos Champs Elysées, a principal avenida de Paris, onde foi cortesã, chegando a ter ministros entre os seus clientes.

Margaretha, Mata Hari e Agente H 21

Mas, de repente, explodiu a guerra. E, em 1915, Margaretha Zelle ou Mata Hari regressou à Holanda. No início de 1916, endividada pelo seu estilo de vida, aceitou que um diplomata alemão pagasse as suas dívidas em troca de informação. Tornou-se assim a agente H 21.

De volta a Paris, conheceu o capitão Ladoux, um oficial de contra-espionagem, que desconfiava dela. Por se relacionar com ministros, Mata Hari considerava-se intocável. Ladoux a incumbiu de diversas missões e vigiou-a. No verão de 1916, aumentaram as suspeitas quando ela se apresentou no serviço de informação do Exército francês a pedir um salvo-conduto para ir a Vittel, onde a França construía uma base aérea. Conseguiu o passe, mas foi o começo de seu fim.

Em janeiro de 1917, interceptaram uma mensagem da Alemanha que provava que H 21 era uma agente dupla. Segundo historiadores, os alemães sabiam que os franceses decifrariam o texto, o que significa que a abandonaram à própria sorte intencionalmente.

Foi detida a 13 de fevereiro no seu quarto no então Hotel Palácio do Eliseu (hoje sede do Executivo francês) e levada para a prisão de Saint-Lazare.

A 24 de julho, o conselho de guerra condenou-a à morte. O tenente André Mornet, no papel de procurador especial, admitiu posteriormente que não havia provas suficientes contra ela.

Perante o pelotão de fuzilamento, quando lhe perguntaram se tinha alguma revelação a fazer, Mata Hari respondeu: "Nenhuma e se tivesse alguma, guardaria para mim". A fama desta mulher foi de tal ordem que o seu nome foi usado ao longo das décadas para designar todas as cortesãs e espiãs. E inspirou cineastas, escritores e historiadores.