A propósito da temporada 2017/2018, hoje anunciada por este teatro nacional, Patrick Dickie, nomeado há um ano diretor artístico, disse em entrevista à agência Lusa que a intenção foi criar uma “programação diversificada para diferentes públicos”.

“Significa que o São Carlos, o Coro e a Orquestra [Sinfónica Portuguesa] não se definem pelo edifício onde estão. Força-nos a ter uma conversa diferente com o público. Senão estávamos aqui sentados à espera que as pessoas chegassem. (…) Acredito que se cada projeto tiver um ponto de vista forte, encontrará o seu próprio público”, afirmou o programador inglês.

A nova temporada do TNSC abrirá em outubro com um concerto encenado da ópera “Turandot”, de Puccini, dirigida por Domenico Longo e protagonizada por Elisabete Matos. No dia 19 estará no Coliseu de Lisboa e no dia 21 no Coliseu do Porto.

Das sete óperas que integram a programação, quatro são novas produções do São Carlos, com Patrick Dickie a destacar a estreia absoluta em Portugal de “The rape of Lucretia”, ópera de Benjamin Britten de 1946 que terá encenação de Luís Miguel Cintra e elenco totalmente português.

A estreia será em dezembro em Lisboa e em janeiro no Teatro Nacional de São João, no Porto, onde o TNSC não fazia uma apresentação desde 1976.

Luís Miguel Cintra volta a encenar uma ópera, depois de ter feito em 2016 “Dialogue des Carmélites”, de Poulenc, com direção musical de João Paulo Santos, maestro com quem volta a trabalhar agora.

Patrick Dickie elogiou-lhes a “energia e química extraordinárias” e considerou que “The Rape of Lucretia” será um bom tiro de partida para o reatar de colaborações futuras com o Teatro Nacional São João.

“Queríamos ir ao Porto há muito tempo, assim como ao Coliseu de Lisboa. Vamos fazê-lo. É uma coisa que o São Carlos acha que tem faltado há muito tempo e nas temporadas recentes”, disse o diretor artístico.

Além da ópera de Benjamin Britten, as três outras novas produções líricas do São Carlos serão: “Elektra”, de Strauss, em fevereiro no Centro Cultural de Belém (CCB), numa versão semi-encenada por Nicola Raab, “Idomeneo”, de Mozart, em março com direção de Joana Carneiro e encenação do australiano Yaron Lifschitz, e “La Traviata”, de Verdi, em junho, pelo encenador português Pedro Ribeiro, radicado em Londres.

Pensado para famílias, o São Carlos incluiu ainda para a época do natal e Ano Novo a ópera “L’enfant el les sortilèges”, de Maurice Ravel, com direção da maestrina Joana Carneiro e um elenco integralmente português.

Através destas propostas, Patrick Dickie enfatiza a “presença significativa de portugueses” na nova temporada, fruto de um trabalho continuado dos últimos anos.

O calendário de espetáculos sinfónicos para os próximos meses incluirá atuações da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do Coro em várias salas de Lisboa, também no Porto, em Sintra e em Braga, mas em situações pontuais, porque “não é economicamente viável ter o coro e a orquestra a fazerem digressões”.

Na programação são destacados três momentos com as duas formações em Lisboa: a 9.ª sinfonia de Beethoven, a 23 de setembro no São Carlos, com direção de Joana Carneiro, “Stabat Mater”, de Rossini, em março no CCB, e “War requiem”, de Benjamin Britten, em março na Fundação Calouste Gulbenkian.

De acordo com o TNSC, o orçamento da temporada 2017/2018 é de 1,7 milhões de euros.

“Há algum diretor artístico que esteja satisfeito com o orçamento que tem? Sou muito ambicioso. (…) Sinto que estou a começar a dialogar com os portugueses e sinto que o orçamento me permitiu fazer algumas mudanças nesta temporada e isso é entusiasmante”, afirmou Patrick Dickie.

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