Investigadores, profissionais de diversa estirpe e colheita, miúdas de 12 anos e ociosos vários que não sabem jogar às cartas, todo o bicho-careto dá ao rato em cima do Google, aumentado as 'pageviews' do ovo de Colombo inventado por Larry Page.

O Google dá-nos as pistas. Queremos saber, por exemplo, quem foram as personalidades internacionais que mais mereceram a atenção dos visitadores de computadores e telemóveis razoavelmente inteligentes. À cabeça, com algum destaque, vem Taylor Swift.

E perguntarão vocês, ou talvez não: quem é Taylor Swift? Eu, que sou um desinformado e um bronco a atingir provecta idade, não sabia. E por isso lá aumentei, eu próprio, o destaque da Taylor, não tendo descoberto se a menina sabe alguma coisa de costura (Taylor, estão a ver a piada?... Ok!...)

O que descobri, isso sim, é que canta e dança e não é de Paços de Brandão. E que, aos 26 anos, já vendeu 25,5 milhões de discos, o que a coloca no 78º lugar dos artistas com mais sucesso nas platinas de todos os tempos, à frente de Nirvana e ZZ Top e já a morder as canelas de Frank Sinatra ou dos Bee Gees. Costuma namorar em média três meses com actores e cantores igualmente famosos, e quando lhes calça os patins ou eles se esquecem dela escreve uma canção desesperada.

O que eu não perdoo aos fãs 'tugas' da menina é que, como homem da informação que sou, fui mesmo ouvir três coisas que ela escreveu e cantou. É uma base do jornalismo: se não sabes, estás calado ou vais tentar saber. Como a primeira hipótese me estava vedada, porque prometi às 'sapas' directoras que ia averiguar desta cena, fui mesmo torturar os ouvidos com aquilo. Há maneiras mais difíceis de ganhar a vida...

Não sei se a tal Swift – em português 'rápida', o que dá uma alfaiate rápida, ou seja, pronta-a-vestir, tal como a música que frequenta – descende do grande Jonathan e, se ele a tivesse conhecido, a trataria como gigante ou minorca liliputiana. Mas sei, desde há pedaço, que é amiga íntima de Selena Gomez que – tcharan!! - é a segunda mais visitada na tal lista da Google. Deve ser cunha... Até porque esta segunda já foi namorada de Justin Bieber, de quem a Taylor não gostava, tendo mesmo dito à amiga para o pôr a andar.

A lista segue com Kyllie Jenner, que ficou famosa num 'reallity show' da família Kardashian, e que é mesmo meia-irmã da Kim do excelso rabo, e filha daquele atleta campeão olímpico que há tempos resolveu que afinal era gaja, isto já com quase sessenta anos. Tudo muito melhor do que no tempo em que o circo tinha a mulher barbuda...

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Vá lá que a quarta personalidade é a ex-'nossa' namorada Irina Shayk, e eu fiquei mais descansado porque afinal não ando tão a leste do paraíso, já que esta eu conhecia. O 'top five' termina com Ariana Grande, que é assim uma cena parecida com as outras todas.

Bebi um descafeínado – as emoções da pesquisa não aconselhavam mais cafeína – e tentei aumentar a minha cultura. Dei de caras com a pesquisa dos 'mais' de 'como ser...'. O que é que as pessoas procuram no Google? Em primeiro lugar, e sem surpesas, 'como ser feliz'.

Parece-me bem. A felicidade sempe foi uma ânsia humana, já desde os tempos em que Sísifo a perseguia, se bem que com bastante maldade associada. E se fintou a morte duas vezes seguidas, também teve as suas agruras na vida, acabando a empurrar pedras por uma encosta acima, o que, convenhamos, não é a melhor maneira de uma pessoa se alcandorar à felicidade. Ainda mais quando a parva da pedra insiste em cair pela ribanceira abaixo de cada vez que o pobre Sísifo está quase a alcançar o cume. Apeteceu-me dizer isto para vocês verem que eu também sei umas coisas cultas. E, se não soubesse, tinha bom remédio – ia ver ao Google.

Mas se a busca da felicidade é um tema basilar e transversal nas buscas, no que ao género diz respeito, a seguir vem uma coisa que é mais das raparigas, meninas, senhoras e gajas. 'Como ser bonita?'

Vendem-se diariamente milhões de revistas, cremes e agulhas que prometem às fêmeas alcançar essa ditosa meta. Se aquilo resulta ou não resulta é que eu já não sei. Eu, por mim, em matéria de beleza feminina 'compro' já feito, e o que eu gosto nelas nem eu sei bem. É assim uma coisa que não se encontra no Google. Mas podem continuar a tentar, mal não deve fazer...

Já a rapaziada prefere – e esta é a segunda entrada de busca mais usual, no ano da graça sem grande graça que agora termina – o 'como ser rico'. Aqui apetece cantar a obra-prima de Ellis Regina, a canção 'Como Nossos Pais', já que se percebe que isto não muda. Elas querem ser bonitas para que os ricos casem com elas, eles querem ser ricos para casar com as bonitas. E vai um 'Xanax' para a minha ansiedade reformista e revolucionária...

As mulheres, ou as que para lá caminham, querem ainda saber como ser modelo, actriz ou popular. Os peludos – se entretanto não tiverem optado por ser rapados – preferem indagar como ser bom aluno ou 'youtuber'. Boa sorte para todos...

Nos jogadores de futebol quase nada a assinalar, já que CR7 comanda seguido de perto e de baixo por Messi. Maxi Pereira, mais a sua polémica transferência, vem a seguir. Iker Casillas mais a sua namorada segue em quarto – com vista para o Douro – e o quinto é um tal de Pablo Osvaldo, que esteve no FC Porto até há pouco tempo, e que para além dos pontapés na bola dá fortes pontapés na vida, tendo adquirido a alcunha de 'bad boy'. Um exemplo para a juventude...

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Mas o que me impressionou positivamente foi a lista de personalidades nacionais mais pesquisada. Não pela primeira, que é Maria Zamora, a actriz que morreu de forma inesperada, havendo fortes indícios – e aqui é que está o interesse da coisa – de ter sido assassinada por um ex-namorado que a perseguia. Sofia Ribeiro, a jovem actriz que luta contra um cancro da mama, vem em terceiro; Delfina Cruz, a desditosa actriz que morreu disso, depois de ter sido atropelada, vem em quarto; e a quinta é Joana Amaral Dias, penso eu que por razões visíveis...

Mas o que me impressionou foi a segunda entrada mais badalada. Nada menos nada mais do que Nuno Melo, o euro-deputado do CDS, membro da família Melo do Minho, que já nos deu um presidente da Assembleia da República e a mim uma amiga. Não sendo eu grande fã da criatura, sempre é um arejo saber que os portugueses se interessam por uma personalidade política que não se despe em revista nenhuma.

Mas a minha alegria foi sol de pouca dura. Não era esse Nuno. Era, sim, e para grande tristeza minha, o malogrado actor Nuno Melo. E isso toca-me bem mais de perto. É que o homem morreu antes de ter conseguido um transplante de fígado.

Tinhas razão, Ana Isabel Gomes do 'SAPO' - isto é um bocado deprimente. Um abraço, lá no céu dos homens que nos fizeram rir em vida, ao grande Nuno Melo!