O júri do prémio destacou a forma como o escritor contribui “de maneira extraordinária e a nível internacional, para o progresso e o bem-estar social através do cultivo e do aperfeiçoamento da criação literária em todos os seus géneros”.

A candidatura foi proposta pelos Prémios Princesa das Astúrias de Literatura John Banville (2014) e Richard Ford (2016) e pelo Prémio Príncipe das Astúrias para as Artes 2001, Krzysztof Penderecki, tendo sido apoiada, entre outros, por Juan Ignacio Cirac, Prémio Príncipe das Astúrias de Investigação Científica e Técnica 2006, Roy Glauber, Nobel de Física 2005, Adam Michnik, editor do jornal Gazeta Wyborcza e pelo Instituto Polaco da Cultura (Madrid).

Adam Zagajewski, nascido em 1945, em Lwów, costuma dizer que todo o grande poeta vive entre dois mundos - o tangível e o imaginário, o da história e o dos sonhos – e que dos acordos e desacordos entre ambos surgem, após árduas negociações, os poemas.

Poeta, romancista, tradutor e ensaísta, Adam Zagajewski formou-se em Filosofia e Psicologia pela Universidade Jagiellonian, em Cracóvia.

Considerado um dos mais famosos poetas polacos contemporâneos, fez parte da chamada Geração de 1968 ou New Wave e criou dois dos principais ‘slogans’ deste grupo: “Powiedz prawde” (Diz a verdade) e “Mow Wprost” (Fala).

Sucessivamente exilado na Alemanha, em Paris e nos EUA, o escritor voltou a Cracóvia em 2002, onde atualmente reside e trabalha como coeditor da revista literária Zeszyty literackie, publicada em Paris.

Foi também professor na Universidade de Houston, lecionando atualmente na Universidade de Chicago.

Adam Zagajewski tem visto as suas obras literárias serem reconhecidas internacionalmente e traduzidas para várias línguas.

Segundo a crítica, com o poemário “Plótno” (1990), Adam Zagajewski evoluiu para a contemplação poética, longe da combatividade das suas primeiras obras.

O próprio autor afirmou sobre esta mudança que “a poesia está em outra parte, além das imediatas lutas partidárias, e, inclusivamente, além da revolta – mesmo a mais justificada – contra a tirania”.

Sobre o poeta foi também dito que a sua posição pela liberdade e a busca da beleza têm um fiel testemunho na sua obra, de grande profundidade humana e fina sensibilidade estética.

A crítica destacou ainda a música e a luminosidade que caracterizam a sua voz literária. Entre os seus temas recorrentes, encontram-se a noite, os sonhos, o tempo, a eternidade, o silêncio e a morte, ou, como já foi dito, “a poética da imperfeição da vida”.

Para Adam Zagajewski, a poesia também tem de combinar “ironia e êxtase” e o poeta é alguém “consciente da história”.

Aos 71 anos, Adam Zagajewski sucede a nomes como Leonardo Padura, Antonio Muñoz Molina, Philip Roth, Margaret Atwood, Leonard Cohen ou Amin Maalouf, como vencedor de um dos mais prestigiados prémios literários internacionais, que distingue a obra de um escritor publicado em língua castelhana.

Este é o sexto galardão que a Fundação espanhola Princesa das Astúrias já anunciou este ano, depois de ter distinguido o artista sul-africano William Kentridge com o prémio das Artes, o grupo argentino de músicos e humoristas Les Luthiers com o da Comunicação e Humanidades, a Hispanic Society of America com o da Cooperação Internacional, a seleção de Rugby da Nova Zelândia com o dos Desportos e a pensadora e investigadora britânica Karen Armstrong com o das Ciências Sociais.

Cada um dos prémios Princesa das Astúrias inclui, entre outras coisas, uma escultura do pintor e escultor espanhol Joan Miró e 50.000 euros, entregues numa cerimónia presidida pelo rei de Espanha, Felipe VI, que terá lugar em outubro no teatro Campoamor, em Oviedo.

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