Agina, um deputado polémico devido a outras intervenções sobre sexo e sobre as migrações, disse ao jornal Youm 7 na quinta-feira que a virgindade das mulheres deveria ser um pré-requisito à entrada no ensino superior.

Segundo o deputado, esta medida ajudaria a acabar com os casamentos costumeiros não registados (ao abrigo dos costumes e das tradições e não da lei), muito comuns entre os jovens egípcios que não têm dinheiro suficiente para um casamento formal.

"Qualquer rapariga que entre na Universidade deve ser examinada para provar que é donzela", disse Agina ao Youm 7.

Os seus comentários, tal como em outras ocasiões, motivaram duras críticas nas redes sociais.

"Eu não disse que ainda não batemos no fundo, que o pior ainda está por vir?", comentou no Twitter o advogado dos direitos humanos e dissidente Gamal Eid.

"Temos um deputado obcecado com o sexo", escreveu o dissidente e jornalista liberal Khaled Dawoud.

Já hoje, Agina disse à agência France Presse que os seus comentários foram mal interpretados e que, por isso, decidiu fazer um boicote aos media.

"As pessoas têm vindo a atacar-me desde ontem [quinta-feira], estão irritados e por aí fora. Decidi não lidar com os media", disse o deputado.

"Eu não fiz uma exigência, eu fiz uma sugestão. Há uma grande diferença entre uma exigência e uma sugestão", salientou.

Agina disse que foi questionado sobre o papel que o governo deveria ter para acabar com os casamentos costumeiros, e que por isso propôs os testes de virgindade.

"Eu disse 'bem, o governo não tem o direito de perguntar a uma rapariga ou a um homem se teve um casamento costumeiro. (...) Mas se calhar, se calhar... apenas como uma sugestão que poderia ou não ser aplicada: o governo poderia dizer aos hospitais universitários para fazerem testes de droga e de virgindade'", explicou o deputado, acrescentado que depois as universidades poderiam informar os pais dos alunos.

Não é a primeira vez que Agina faz declarações polémicas.

O deputado já defendeu a mutilação genital feminina, uma prática ilegal, mas ainda largamente praticada no Egito.

"Somos um povo cujos homens têm disfunção erétil... se parássemos de fazer a circuncisão (sic) feminina, então precisaríamos de homens mais fortes", disse no início do mês.

No domingo, Agina disse que os 168 migrantes que se afogaram no Mediterrâneo a 21 de setembro "mereceram morrer".