“Temos empresários de Vendas Novas com casas de bifanas abertas por todo o país e em centros comerciais de Lisboa e Algarve e, mais recentemente, estão a estabelecer-se negócios no estrangeiro”, revela à agência Lusa o presidente do município, Luís Dias.

Nos últimos anos, e em simultâneo com a “exportação” do setor, assistiu-se, segundo o autarca, a “um aumento muito significativo de casas que se dedicam quase em exclusivo à confeção de bifanas”, estando referenciados pela Câmara Municipal entre ”12 a 15 estabelecimentos” só em Vendas Novas.

“A estimativa que fazemos é de cerca de três mil bifanas vendidas diariamente” nos cafés de Vendas Novas, o que “perfaz um total mensal de cerca de 90 mil e, no cômputo anual, quase um milhão de bifanas”, refere.

O Café Boavista é o mais antigo e com maior tradição na zona e, provavelmente, o que mais vende, servindo diariamente “cerca de 300” e, nos melhores dias, aos fins de semana, “400 ou 500” bifanas, conta à Lusa a proprietária, Maria Clara Isabel.

“Mas nem sempre foi assim”, ressalva, indicando que, no início, há mais de 30 anos, quando “pegou” no negócio dos seus senhorios, não existiam outros estabelecimentos na zona e no seu até se faziam “outras comidas, como feijoadas ou caracóis”.

Mas, com o tempo, diz, foi “obrigada” a deixar de fazer os outros pratos, porque “não se pediam e as bifanas tinham mais saída”, o que a fez alterar as ementas e apostar naquele petisco, confecionado com uma receita familiar.

A sua confeção está “no segredo dos deuses” e Maria Clara Isabel não se alonga muito, revelando apenas que no seu café utiliza carcaças torradas e carne de lombo de porco, que é “partida ali” e, depois, os bifes “são batidos” e mais não diz: “O resto é segredo”, brinca.

Em frente, o Café Snack-Bar A Chaminé, não tão antigo, mas também já com muitos anos de funcionamento, serve igualmente Bifanas de Vendas Novas, além de sopas e empadas, mas, recentemente, lançou uma nova versão, a bifana de peru, que dizem ser mais saudável.

Naquela zona da cidade, além destes dois estabelecimentos, estão a funcionar mais meia dúzia de cafés que servem Bifanas de Vendas Novas.

“Cada um faz como quer e à sua maneira. Eu continuo a fazer como sempre fiz”, afirma a dona do Café Boavista, que não se importa com a concorrência.

Além de as bifanas serem “uma referência gastronómica” de Vendas Novas, o presidente da autarquia diz que o setor tem também “uma importância económica muito grande” para a cidade, pois garante a “empregabilidade de centenas de pessoas” nos cafés e na panificadora da cidade, que é a grande fornecedora de pão.

Por isso, destaca a aposta na dinamização do setor, lembrando que a Câmara Municipal começou por registar, há cerca de cinco anos, a marca Bifanas de Vendas Novas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial para “salvaguardar a exclusividade do uso da marca”.

“Mas não ficámos por aqui. Estamos a trabalhar com a Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo e com as casas de bifanas para a certificação dos estabelecimentos, garantindo aos clientes que estão a comer um produto que é confecionado com rigor e qualidade”, revela Luís Dias.

Os principais clientes dos cafés que confecionam bifanas em Vendas Novas, assinala o presidente da autarquia, são os automobilistas que circulam na EN4 e que “continuam a parar” para “matar a fome”, apesar de a autoestrada A6 ter “desviado um pouco o consumidor tradicional”.

“Vendas Novas, na sua história, ao longo das décadas, tem sido classificada como uma terra de passagem entre a grande metrópole, Lisboa, e Évora ou Espanha”, realça Luís Dias, indicando que, ao longo do tempo, os comerciantes da cidade vocacionaram a sua atividade para “dar resposta às pessoas que faziam esta ligação”.

O autarca alentejano nota que a criação das Bifanas de Vendas Novas “não está ainda historiada” e adianta que é um projeto que o município também tenciona “desenvolver no futuro”.

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