"Boa noite, o Governo decidiu hoje a localização e denominação do novo aeroporto de Lisboa. A determinação de um plano de obras para o Aeroporto Humberto Delgado e a conclusão dos estudos para a construção de uma terceira travessia sobre o Tejo e ligação ferroviária de alta-velocidade entre Lisboa e Madrid". Assim começou a comunicação de Luís Montenegro depois do Conselho de Ministros, desta tarde de terça-feira, que terá servido para aprovar a localização do futuro aeroporto de Lisboa.

Continua dizendo que a estas "decisões" "se juntam a descida do IRS, o início das negociações com os professores das áreas da segurança e da saúde, o aumento do complemento solidário e a comparticipação a 100% de medicamentos para idosos pensionistas e reformados mais pobres. A nova estratégia para a habitação: Construir Portugal" e que representam "32 de trabalho governativo", naquilo que considera ser "um ritmo que vai continuar intenso por muito tempo".

Depois do comentário ao próprio trabalho diz que no que ao "investimento em infraestruturas aeroportuárias, rodoviárias e ferroviárias o Governo decidiu aprovar o desenvolvimento do novo aeroporto de Lisboa com vista à substituição integral do aeroporto Humberto Delgado, no Campo de Tiro de Alcochete e atribuir-lhe a denominação de aeroporto Luís de Camões".
"Determinar o desenvolvimento de um plano de obras no aeroporto Humberto Delgado, "que dê cumprimento aos investimentos adiados para a requalificação dos serviços já prestados e lhes acrescente maior capacidade operacional em movimentos por hora". E "mandatar a Infraestruturas de Portugal para concluir os estudos necessários para a construção da terceira travessia do Tejo e construção da ligação ferroviária de alta velocidade de Lisboa até Madrid".

Lembra ainda que enquanto líder da oposição propôs "uma metodologia que ultrapassasse o impasse criado com o processo de  definição da localização do novo aeroporto de Lisboa". Reitera o que disse na altura que "a criação de uma comissão técnica independente visava a realizar uma avaliação ambiental estratégica comparativa de todas as localizações viáveis e habilitante para que o decisor político pudesse no final tomar uma opção."

Hoje, enquanto decisor político  repete o que ele enquanto líder da oposição e o decisor político da altura disseram "um ano de trabalho da CTI não significava atrasar mais um ano uma decisão que se aguardava há já 50 anos". Mas, contudo, garante que "esse ano de avaliação era imprescindível e a forma adequada para desbloquear o processo. Nem era uma precipitação irresponsável, nem era o adiamento passivo." Em causa própria acrescenta, "com a autoridade de quem esteve ao lado do Governo e do país quando era oposição. E de quem fez o trabalho de casa ainda antes de assumir funções quero hoje como Primeiro-Ministro confirmar que estas decisões, apesar de rápidas, são ponderadas, fundamentadas e estratégicas para o futuro de Portugal."

Por fim, reconhece que o "interesse de Portugal não reclama apenas uma decisão, reclama que se tome a melhor decisão com base na melhor decisão". E descansa quem faz começa a fazer as contas, "o Governo pretende fazer a gestão rigorosa dos recursos públicos e alavancar um ciclo de prosperidade duradouro e sustentado em Portugal". "Estas infraestruturas trarão mais comodidade aos portugueses e aqueles que nos visitam. Estas decisões estimulam a competitividade da nossa economia, aceleram a capacidade de atração de investimento, crescimento e promovem também a coesão territorial. Com mais investimento e mais crescimento económico, poderemos ter em Portugal um ambiente para pagar melhores salários e melhores pensões. E poderemos também criar as condições para termos o nosso talento e de darmos esperança à nossa juventude".

No que ao aeroporto diz respeito, justifica que "o Governo assume o aeroporto único como a solução mais adequada aos interesses estratégicos do país. Alcochete, em particular, garante margem de expansão física, acomodação de procura até praticamente o triplo da atual, a salvaguarda da manutenção e do crescimento possível do hub da TAP em Portugal, o fomento da capacidade da cidade intermodal de todo o nosso sistema de transportes." E continua, "esta solução gera ainda efeitos macroeconómicos no arco ribeirinho sul criando uma nova centralidade económica e social. É um projeto que se irá desenvolver em terrenos públicos e que assegura a sustentabilidade tendo já, como é conhecido, uma declaração de impacto ambiental que entretanto caducou".

Termina como começou, dirigindo-se aos portugueses. "Vivemos tempos de incerteza na Europa e no Mundo, mas quero dizer-vos de uma forma muito direta que este Governo apesar dessa incerteza e instabilidade vê o futuro de Portugal com esperança e com confiança". E pormenoriza, "esperança nas nossas capacidades, esperança nos nossos recursos humanos, nos nossos jovens, nas nossas empresas e nas nossas instituições. E confiança de que somos capazes de unir Portugal em torno de objetivos estruturantes e estratégicos. Confiança de que se decidirmos bem hoje, abriremos a porta para sermos um país mais próspero e socialmente mais justo amanhã."

É um verso de Camões com que encerra o discurso: "As cousas árduas e lustrosas se alcançam com trabalho e com fadiga". Para depois dizer que a filosofia do Governo é "não perder tempo". "A nossa estratégia é fazer tudo aquilo que depende de nós. A nossa ambição é fazer mais depressa e melhor do que os outros para colocar Portugal ao nível dos melhores. A nossa vitória é a felicidade dos portugueses".

A habitual conferência de imprensa no final da reunião do Governo foi substituída por esta declaração ao país de Luís Montenegro.