“Esta conversa faz-me lembrar aquilo que dei em História sobre o Tratado de Zamora. Eu vou responder a todas essas questões que o novo presidente quiser falar comigo. Ele vai inteirar-se de várias coisas e falar com todos os funcionários. Acho que é absolutamente normal”, admitiu o técnico, durante a conferência de imprensa de lançamento da visita ao Desportivo de Chaves, no sábado, da 32.ª e antepenúltima jornada da I Liga portuguesa.

Os novos corpos sociais do FC Porto tomam posse na próxima terça-feira, 10 dias depois de André Villas-Boas, antigo treinador da equipa de futebol ‘azul e branca’, ter vencido as eleições com maior afluência da história do clube, ao somar 21.489 votos (80,28%), face aos 5.224 (19,52%) de Pinto da Costa, que liderava há 15 mandatos e 42 anos seguidos.

“A vida associativa do clube é a que é. Os sócios são soberanos e decidem. Estamos cá como funcionários para dar o nosso melhor, sendo que, como sempre disse e irei voltar a repetir, não basta ter contrato para estar no FC Porto. Ninguém está agarrado a nada. Há uma instituição acima de tudo e todos”, disse Sérgio Conceição, vendo “um bom sinal” no recente abraço dado entre Villas-Boas e Pinto da Costa, após um período eleitoral tenso.

O presidente cessante e o seu sucessor foram aplaudidos pelos adeptos no dia seguinte ao sufrágio, por ocasião do empate frente ao líder isolado Sporting (2-2), da 31.ª jornada, num duelo em que o FC Porto desperdiçou dois golos de vantagem nos instantes finais.

Afastados da corrida pelo título e do acesso à Liga dos Campeões da próxima época, os ‘dragões’ tentam defender o terceiro lugar do campeonato, que vale a entrada na fase de grupos da Liga Europa, partindo para as últimas três rondas com dois pontos de avanço sobre o Sporting de Braga, quarto colocado, e três face ao Vitória de Guimarães, quinto.

“Já vi treinadores a irem embora logo na pré-época e já assisti a pré-épocas menos bem conseguidas, em que o treinador estava na ‘baila’. Se um jogo de pré-época é importante para uma equipa como o FC Porto, imaginem um jogo de campeonato. Estamos focados na partida, mas não nos podemos esquecer que há dois adversários por perto e que [um deslize] nos pode custar estar mais acima ou abaixo no final”, atestou Sérgio Conceição.

As ausências de Samuel Portugal, João Mário, do capitão Pepe, Marcano e Zaidu, todos por lesão, bem como de Wendell e Galeno, ambos suspensos, diminuem as opções para o embate em Chaves, mas o treinador ‘azul e branco’ promete “uma equipa competitiva” frente aos flavienses, que podem consumar a despromoção à II Liga este fim de semana.

“O Desportivo de Chaves tem um duelo decisivo, tal como são todos para nós. Eles têm mudado ao longo da época e alteraram a nível estrutural desde que o [treinador] Moreno assumiu a equipa. Obviamente, a entrada de um ou outro jogador no mercado de janeiro fez com que a equipa jogasse de maneira diferente. Temos de preparar esses diferentes cenários para estarmos bem e percebermos aquilo que o adversário pode fazer”, apelou.

O FC Porto, terceiro colocado, com 63 pontos, mede forças com o Desportivo de Chaves, 17.º e penúltimo, com 23, seis abaixo da zona de salvação direta, no sábado, a partir das 20:30, no Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira, em Chaves, em jogo da 32.ª e penúltima ronda da I Liga, sob arbitragem de José Bessa, da associação do Porto.