“Os alimentos são uma das principais preocupações do povo ucraniano, a par da segurança e do combustível”, afirmou o porta-voz do PAM, Tomson Phiri, em conferência de imprensa.

Segundo o mesmo responsável, um em cada cinco ucranianos tomou medidas para fazer face à escassez de comida.

Phiri atribuiu a crise alimentar aos problemas de acesso a ajuda humanitária em zonas do país mais afetadas pelo conflito.

“A cadeia de abastecimentos está quebrada, os sistemas que atualmente alimentam dezenas de milhões de pessoas presas na Ucrânia desmoronam-se: os camiões e comboios foram destruídos, ao mesmo tempo que as pontes e aeroportos, e os armazéns e supermercados estão vazios”, advertiu o porta-voz.

Em Mariupol, uma das zonas mais afetadas pelo conflito, as reservas de água e alimentos estão a esgotar-se e os comboios humanitários não conseguem chegar à cidade, desde que foi cercada, indicou Phiri.

O PMA, que prevê prestar assistência alimentar a 2,4 milhões de ucranianos no próximo mês, conseguiu aceder a cidades “parcialmente sitiadas” como Járkov, Kiev, Odessa, Dnipro e Sumy, onde repartiu paletes de alimentos de primeira necessidade, como pão e água, e refeições preparadas para consumo imediato.

Na capital distribuiu barras energéticas suficientes para abastecer 30.000 pessoas durante cinco dias, enquanto em Jarkov, o PMA distribuiu 250.000 embalagens de pão.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.