O programa dos primeiros dias destas comemorações, em que se assinala o marco de a democracia nascida em 25 de Abril de 1974 superar já em longevidade o período de ditadura resultante do golpe de 28 de maio de 1926, foi transmitido à agência Lusa pelo comissário executivo da Estrutura de Missão para as Comemorações, o professor universitário e sociólogo Pedro Adão e Silva.

Na quarta-feira, pelas 17:00, no Pátio da Galé, em Lisboa, as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se vão prolongar até dezembro de 2026, abrem com uma sessão solene que tem como primeiro momento a condecoração de militares de Abril pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Os militares foram decisivos para nós hoje estarmos a aproximamo-nos de celebrar 50 anos de democracia”, justifica o presidente da comissão executiva.

As três principais figuras institucionais, o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, farão a seguir intervenções.

“Não é muito comum momentos de intervenção pelos três, o que dá conta da solenidade e importância do momento”, acentua Pedro Adão e Silva.

Para além da componente solene e institucional, a cerimónia terá também outros momentos, designadamente dirigidos à juventude.

O compositor Bruno Pernadas escreveu uma música original para funcionar como hino dos 50 anos de democracia, e esse tema será interpretado (tal como aconteceu na gravação) por uma formação da Orquestra Geração – um projeto que tenta levar música erudita a contextos sociais considerados mais difíceis.

Alice Neto de Sousa, uma jovem poetisa, irá ler um poema original escrito a propósito dos 50 anos de democracia.

Ainda nesta cerimónia, será encerrada uma cápsula do tempo, contendo um conjunto de objetos e de materiais para serem abertos apenas em 2074, designadamente três cartas escritas por jovens portugueses de hoje, que foram vencedores do concurso de escrita do Plano Nacional de Leitura. Esses jovens vão escrever cartas aos jovens de 2074.

Na quinta-feira, quando por todos os distintos critérios de cálculo a democracia superar indiscutivelmente em longevidade o período de ditadura, o programa de comemorações terá então dois momentos.

Neste próximo 24 de março, Dia do Estudante, o foco vai estar no papel do movimento associativo estudantil, que é encarado como decisivo para se compreender o fim do anterior regime.

“Teremos um evento que evoca a crise académica de 1962, bem como outras crises académicas e contestações que ocorreram nas universidades até 1974. Na Aula Magna [da Reitoria da Universidade de Lisboa], será projetado um documentário original sobre as crises académicas e teremos um colóquio com testemunhos e com historiadores”, observa Pedro Adão e Silva.

De acordo com o presidente da comissão executiva das comemorações, depois, no final do dia, no Museu de História Natural da Universidade de Lisboa, será inaugurada uma exposição intitulada “As primaveras estudantis — da crise de 1962 ao 25 de Abril de 1974”.

“Será uma exposição multimédia sobre o papel dos movimentos estudantis, com muitos documentos e originais. A carta de demissão de Marcello Caetano do lugar de reitor vai estar lá, bem como a final da Taça de Portugal de 1969, entre a Académica e o Benfica, com o galhardete do jogo, as camisolas dos jogadores Toni (Benfica) e Mário Campos (Académica), que ambos trocaram no final. É uma exposição que tenta mostrar o percurso dos movimentos estudantis e que tem como propósito falar aos mais jovens de hoje e perceber aquilo que aconteceu”, assinala.

Também na quinta-feira, inicia-se a digressão pelo país do espetáculo “Mais Alto” sobre a importância da palavra, da música e da participação na vida em comum nas sociedades democráticas.

Um espetáculo que está direcionado para o público infanto-juvenil, com as escolas, e que é acompanhado por uma parte de conversa feita por um conjunto de músicos e por Isabel Minhós, do Planeta Tangerina.

“Este espetáculo andará pelo país até ao final do ano letivo”, acrescenta Pedro Adão e Silva.