O encerramento da fronteira ordenado pela França na noite de domingo, em resposta à descoberta de uma nova estirpe do coronavírus em Inglaterra, causou o caos nas áreas próximas dos pontos de travessia do Canal da Mancha, com cerca de 4.000 camionistas forçados a passar duas noites no interior dos veículos.

Após intensas negociações entre Londres e Paris, França concordou na noite passada reabrir a fronteira e autorizar a passagem de cidadãos franceses, residentes britânicos em França e motoristas de camião, desde que tenham um teste de covid-19 negativo.

Para acelerar o descongestionamento em Dover, os soldados britânicos juntaram-se ao pessoal do serviço de saúde britânico (NHS, sigla em inglês) para realizar testes aos camionistas.

Estes testes, que podem detetar a nova mutação do coronavírus, são semelhantes aos que se fazem para a gravidez e permitem o resultado em apenas 30 minutos.

Os motoristas receberão o resultado do teste no telemóvel, por mensagem de texto, o que será suficiente para permitir a travessia do Canal da Mancha.

Apesar dessas medidas, o descongestionamento da área deve levar vários dias, pois há camionistas tanto nas estradas como em parques de estacionamentos na zona.

O ministro das Comunidades britânico, Robert Jenrick, disse hoje à Sky News que estarão cerca de 4.000 camiões em Dover e que levará “vários dias” para fazer os testes antes de os motoristas poderem seguir viagem rumo a França.

“Espero que esta manhã vejamos pessoas e camiões a atravessar o canal”, disse Jenrick.

Nesta época do ano, cerca de 10.000 camiões por dia atravessam de Dover para Calais, em França, para transportar alimentos frescos e outras mercadorias para as férias.

Alguns supermercados britânicos alertaram para a possibilidade de falta de comida fresca nos próximos dias devido a atrasos na entrega de produtos por causa da situação em Dover.

O Reino Unido atingiu na terça-feira o pico de infeções por covid-19, com 36.804 casos, impulsionado em grande parte pela mutação do coronavírus encontrada neste país. O número diário de mortes subiu para 691, segundo o governo.