Irmgard Furchner é acusada de ter contribuído, aos 18 anos, para o assassínio de 11.412 pessoas quando era secretária do comandante Paul Werner Hoppe no campo de concentração de Stutthof, na Polónia, profissão que manteve entre 1943 e 1945.

Um porta-voz do tribunal, Frederike Milhoffer, anunciou hoje que "a acusada está a fugir", conta a Reuters. "Ela saiu de casa de manhã cedo, num táxi na direção de uma estação de metro", apontou, referindo que já foi emitido um mandado de prisão.

Até ao momento, o paradeiro da mulher é desconhecido. Com isto, as acusações não podem ser lidas no tribunal, já que Furchner tem de marcar presença no local.

Devido à sua idade na altura dos alegados crimes — quando era conhecida pelo seu nome de solteira, Irmgard Dirksen —, Furchner será julgada na câmara juvenil do tribunal distrital de Itzehoe, perto de Quickborn, a norte de Hamburgo, onde vive numa residência sénior, explica o The Guardian.

Os sobreviventes do Holocausto, alguns dos quais foram presos no campo de concentração em causa, deveriam comparecer hoje no julgamento e dar testemunho das suas experiências.

No julgamento, é esperado que a defesa de Furchner argumente que, como alguém que estava restrito a uma secretária — e que, por isso, tinha de ler, classificar e escrever cartas e telegramas em nome de Hoppe, bem como enviar transmissões de rádio —, não poderia ter ter prejudicado fisicamente os que se encontravam no campo, pelo que não pode ser responsabilizada pelo assassínio de milhares de prisioneiros.

Por sua vez, espera-se que a acusação utilize como prova alguns dos documentos existentes desse tempo, incluindo relatórios de ordens de deportação para o campo de concentração de Auschwitz que a mulher compilou e assinou com "Di", as duas primeiras letras do seu apelido de solteira.