No seu discurso na festa de aniversário dos 50 anos do PS, no Porto, António Costa disse que recebeu, nas últimas legislativas, em 2022, o mandato para governar e defendeu que "quem quer uma democracia forte respeita os mandatos e quem tem os mandatos honra os compromissos".

"Quero ser muito claro, a nossa agenda e os nossos compromissos são os que constam no programa eleitoral. Não é arrogância, é humildade de quem percorreu o país a pedir o voto", disse, advertindo que a agenda socialista "não é a agenda das polémicas mediáticas".

Noutra parte do seu discurso, no Pavilhão Rosa Mota, António Costa reforçou a ideia da necessidade de estabilidade, considerando que é o foco do Governo em manter o mandato até ao fim que está a incomodar a direita.

“Eu acho que é mesmo por isso que eles têm bastante pressa de se verem livres de nós. Eles tentam tudo. Já tentaram ver-se livres de nós com o diabo, agora até se tentam ver livres de nós com o [partido] Chega, mas não chegam para nós e nós chegaremos para eles, porque connosco eles não passam”, avisou António Costa, aplaudido de pé.

Refutando as críticas dos que dizem que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não está a ser cumprido, António Costa pediu à direita para não se iludir, lembrando que o PRR é para ser executado em quatro anos.

“E que não se iluda a direita. Nós sabemos bem que Roma e Pavia não se fez num dia e que o PRR é para ser executado em quatro anos, não se executa num ano. Mas cá estaremos os quatro anos para executar até ao último cêntimo o PRR e liderar a maior oportunidade de transformação estrutural da economia portuguesa que temos tido nos últimos anos”, declarou.

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro de Portugal foi recebido de pé por milhares de militantes que gritaram a palavra de ordem “PS/PS” e agitavam bandeiras de Portugal, do Partido Socialista e de vários municípios portugueses.

Num outro momento do discurso, Costa falou sobre a escola pública.

“Não há escola pública sem professores e muitos dizem que é preciso acabar com o regime de casa às costas dos professores, mas não basta dizer, é preciso fazer. E é por isso que nós mudámos o modelo de contratação e de vinculação dos professores à escola, para que os professores deixem de ser a única carreira que anos a fio não se pode fixar definitivamente nas escola onde está colocado, aí passar a viver, aí constitui a sua família e deixar de andar com a casa às costas”, disse o líder socialista português, arrancando mais uma vez aplausos do público.

Noutro momento do discurso, o líder socialista português falou no modelo de Serviço Nacional de Saúde (SNS), que diz que cresceu 56% desde que "são Governo", mas admitiu que tem de se fazer mais e que, por isso, foi criada a Direção Executiva do SNS.

Porque, segundo frisou, é preciso introduzir “melhor qualidade de gestão para que possa prestar melhores cuidados de saúde a cada portuguesa e a cada português”.

No final do discurso, Costa lembrou que a história do PS é o "futuro do PS".

“O PS foi sempre o partido da responsabilidade democrática. O PS foi sempre o partido da moderação e da estabilidade. Foi o partido da concórdia nacional, mas nunca foi o partido do conformismo e sempre que nos desafiaram nós fomos à luta e sempre que fomos à luta, nós soubemos ganhá-la”, afirmou.

E citou António Guterres, antigo primeiro-ministro socialista, declarando que para enfrentar momentos de maior dificuldade na ação governativa é preciso “nervos de aço”.

“Perante cada problema identificar a sua causa e sobretudo a sua solução. Porque os políticos não existem para criar problemas ao país. Os políticos existem para resolver os problemas do país, os problemas das pessoas e é essa a nossa missão. Devemos com toda a determinação responder com verdade à mentira, com serenidade à agitação, com previsibilidade à incerteza, com confiança ao derrotismo, persistência às dificuldades e assim, juntos iremos vencer”, concluiu António Costa, recebendo uma ovação dos militantes socialistas.