O alerta foi dado pela Associação Venezuelana para o Ensino da Língua Portuguesa (AVELP), uma das organizações que participou hoje no V Encontro Cultural Luso-venezuelano, que reuniu, na Missão Católica Portuguesa, várias centenas de alunos de português e representantes de instituições luso-venezuelanas.

"Queremos um compromisso, económico, porque não temos verbas para a manutenção na formação de cursos", disse o presidente da AVELP à Agência Lusa.

Segundo David Pinho, atualmente o apoio recebido em Caracas é apenas de materiais, do Instituto Camões: “Realmente gostávamos que do Ministério dos Negócios Estrangeiros [de Portugal] nos desse apoio económico, para que possamos abordar também a formação de professores", afirmou.

Por outro lado, explicou que "cada vez mais, a formação académica está a melhorar" na Venezuela, país onde, além dos lusodescendentes, cada vez mais estrangeiros procuram aprender português.

"Há umas médias de 85,5 em português (nos exames). E estamos a preparar professores, [a formar] alunos que estão a estudar o terceiro e quarto anos, fazendo os exames do Centro de Avaliação de Português como Língua Estrangeira", disse.

Segundo David Pinho, há registos de que, "desde há dois anos", estudantes, professores formados e profissionais de outras profissões estão a emigrar para Portugal e isso "exige um compromisso, porque a língua tem de ser bem falada".

"Mais ainda, nos compromissos [educativos] com Portugal, em que as pessoas realmente têm que fazer o nível académico, como deve ser e estar melhor preparados", prosseguiu.

Por outro lado, o presidente da Federação Ibero-americana de Luso-descendentes, Jany Moreira, destacou a importância dos encontros culturais luso-descendentes para "unificar as instituições portuguesas que fazem vida na Venezuela, propagar a portugalidade e fazer uma sinergia entre Portugal e a Venezuela".

"É o momento de estarmos unidos porque vivemos uma situação bastante complicada na Venezuela, onde as instituições, nomeadamente as da comunidade portuguesa, precisam de se unir para continuar com o trabalho que os nossos antepassados fizeram ao longo de muitos anos", disse.

Jany Moreira explicou que no encontro participaram alunos de língua portuguesa de vários colégios e que foi feita uma exposição sobre os 600 anos da ilha da Madeira.

Foi realizada também "uma homenagem à vida e obra de vários madeirenses" na Venezuela, com base num "trabalho de investigação dos alunos de português".

Aos homenageados, disse, foi-lhes atribuído um diploma honorífico (daquela organização) e uma medalha comemorativa dos 600 anos da Madeira, pela comissão que organizou o evento.