O homem, de 57 anos, viajou de comboio de Nova Iorque até Washington durante a madrugada (cerca de três horas e meia para 320 quilómetros) e estava sozinho a caminhar nas ruas de Washington para se aproximar de uma das áreas onde poderia estar mais próximo do Capitólio, onde Joe Biden foi tomou posse como Presidente.

“Vim porque achava que ia haver mais manifestantes”, confessou Billy à agência Lusa. “Já que fiz todo este percurso, não posso sair daqui sem nada”, disse, acrescentando que vai voltar para casa à tarde “logo quando tudo terminar”.

Num saco preto, levava duas cartolinas brancas enroladas, em que escreveu duas mensagens contra o novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

“Investigate the ballot malarkey” (“Investiguem a parvoíce dos votos”) lia-se num dos cartazes que Billy mostrou à agência Lusa. “Malarkey”, que significa parvoíce, tolice ou discurso enganoso foi uma palavra que Joe Biden usou muitas vezes na sua carreira política e que ficou como uma expressão típica e famosa de Biden.

O apelo para investigar votos, que já foram contados várias vezes desde a eleição de 03 novembro, foi ecoado pelo partido Republicano e milhares de apoiantes quando Donald Trump, derrotado na eleição presidencial de 2020, alegou que foi vítima de fraude eleitoral.

Os processos judiciais intentados pela equipa de Donald Trump em numerosos tribunais estaduais foram sempre negados e recusados, mas o agora ex-Presidente afirmava repetidamente que lhe foram roubados votos e que o partido Democrata usou métodos fraudulentos para vencer.

“Impeach 46” ou “destituir o [Presidente] 46” era o apelo escrito por Billy na outra cartolina. Joe Biden tornou-se hoje o 46.º Presidente dos EUA e Billy veio com um apelo que viu há quatro anos, na posse de Donald Trump como Presidente, a que assistiu.

“Foi o que disseram de Trump no dia da sua inauguração. Eu defendo que Biden devia ser destituído”, disse Billy, ignorando o facto de Donald Trump se ter tornado o primeiro Presidente da história a ser alvo de dois processos de ‘impeachment’, acusado, desta vez, de “incitação à insurreição”.

O primeiro processo de destituição aconteceu em dezembro de 2019 quando foi acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso.

Alguns meses antes do primeiro processo de destituição, entre março e abril de 2019, fizeram-se investigações sobre alegada interferência russa nas eleições de 2016. Os resultados da investigação foram inconclusivos no relatório do procurador especial Robert Mueller.

Na ocasião, Donald Trump manifestou a sua satisfação e disse que esse processo de destituição “não devia acontecer nunca a nenhum outro Presidente”.

Billy recordou que Trump “disse que não devia acontecer a nenhum Presidente” e acrescentou: “Eu não quero que isso aconteça a este Presidente [Joe Biden]. Mas no dia da posse, eu tenho de lhes dar um bocado do sabor”, para que os adversários sintam o mesmo, explicou.

Billy considerou que a posse presidencial a que assistiu há quatro anos, quando Donald Trump se tornou Presidente, foi um “dia mais feliz” do que o de hoje: “Havia gente em todo lado e havia muita coisa a acontecer. Isto é de loucos, ninguém à volta”.

“Eu apoio Trump porque ele foi vítima de injustiça”, disse Billy, utilizando o termo inglês ‘underdog’, “nas coisas que se disseram sobre ele”. Para o apoiante, Trump “não merecia isso”.

Apesar de Doanld Trump ter saído hoje da Presidência, Billy está confiante que as coisas vão melhorar: “vamos ficar bem”, considerou.

*Por Elena Lentza, da agência Lusa