No âmbito do agravamento das sanções contra a Rússia por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Comissão Europeia propôs um embargo à importação de petróleo russo até ao final do ano, mas a Hungria opõe-se, apesar de a proposta prever um ano suplementar de transição para o país.

“Temos de convencer 27 países. Entre eles, alguns têm mais problemas do que outros. É uma situação objetiva que alguns Estados-membros enfrentam mais dificuldades”, admitiu Borrell em Bruxelas, à entrada para uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE sobre a situação na Ucrânia.

O diplomata espanhol referiu-se ao facto de haver países “mais dependentes porque não têm acesso ao mar, não têm a possibilidade de receber petroleiros”.

“Só têm petróleo através de oleodutos e da Rússia”, lembrou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, citado pela agência espanhola EFE.

O também vice-presidente da Comissão Europeia disse que tentará que os ministros deem hoje um impulso político à proposta sobre o sexto pacote de sanções da UE contra a Rússia.

A proposta, apresentada em 04 de maio, inclui uma proibição das importações de petróleo bruto durante seis meses e de petróleo refinado durante oito meses.

Apesar de várias reuniões a nível diplomático e de a proposta conceder à Hungria e à Eslováquia um prazo de transição mais longo, até 31 de dezembro de 2023, ainda não há consenso sobre as novas sanções.

A República Checa também aderiu aos apelos para um prazo de três anos para a concretização da proibição do petróleo russo.

Borrell disse que será feito “tudo o que for possível para desbloquear a situação”, mas admitiu não poder garantir que isso aconteça, “porque as posições são muito fortes”.

“Mas, se conseguirmos compreender a situação particular de alguns Estados-membros e fizermos um esforço para apresentar uma frente comum contra a Rússia, conseguiremos”, afirmou.

“O meu papel não é culpar ninguém, mas chegar a um consenso”, acrescentou.

O sexto pacote de sanções inclui também a exclusão do Sberbank, o maior banco russo, do sistema internacional de transações Swift, ou medidas restritivas seletivas contra o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa ou perpetradores de atrocidades na Ucrânia.

Durante a reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, vai informar os seus homólogos da UE sobre a situação no país, segundo Borrell.

“Os ucranianos continuam a resistir ferozmente e nós continuaremos a fornecer-lhes armas para o fazer”, disse.

Borrell propôs à UE aumentar a ajuda à Ucrânia em mais 500 milhões de euros, para 2.000 milhões de euros, para financiar armas como veículos blindados.