“O povo quer a independência da justiça” e “Constituição, liberdade e dignidade”, entoaram os manifestantes que saíram às ruas em resposta ao apelo da “Frente de Salvação Nacional”, uma coligação de uma dezena de organizações opositoras ao regime da Tunísia, incluindo o partido de inspiração islamita Ennahdha, principal opositor de Kais Saied.

Na base dos protestos está o “diálogo nacional” lançado pelo Presidente há duas semanas para redigir uma nova Constituição, antes das eleições legislativas marcadas para dezembro.

O diálogo foi boicotado pela oposição, incluindo a poderosa organização sindical UGTT, que alega que setores-chave da sociedade civil e os partidos políticos estão excluídos.

Um esboço da nova Constituição deve ser entregue na segunda-feira ao Presidente Saied, antes de ser submetido, dentro de um mês, à população, através de referendo.

“Este referendo é apenas uma fraude”, disse à agência France-Presse (AFP) Ali Larayedh, líder do partido conservador islâmico Ennahdha, que era a principal força no parlamento dissolvido pelo presidente Saied em 25 de julho de 2021.

“Estamos a manifestar-nos contra a exclusão do poder judicial e contra o golpe de Estado contra a Constituição” adotada em 2014, três anos após a queda da ditadura de Zine El Abidine Ben Ali, acrescentou.

Em 01 de junho, o Presidente Saied exonerou por decreto 57 juízes, alegando vários motivos, entre os quais “corrupção”, “adultério” e obstrução de investigações, depois de fortalecer a sua tutela sobre o sistema judicial.

Esta decisão, denunciada por várias organizações não-governamentais, incluindo a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional, como um “ataque direto ao Estado de Direito”, levou a uma greve dos magistrados tunisinos contra a demissão dos colegas, num protesto que entrará na segunda-feira na sua terceira semana.

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