A ética no tratamento e no acesso aos cuidados de saúde, a qualidade dos serviços de saúde mental ou o estigma associado a estas doenças são alguns dos assuntos que serão abordados até sábado no Congresso que junta em Lisboa cerca de quatro mil peritos e 300 oradores portugueses e estrangeiros.

O vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental considera que continua a haver estigma associado à doença mental.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Varandas lembra que há, “por natureza”, preconceito no ser humano e que, associado à “carga de mistérios e a ideias falsas”, faz com que permaneça na sociedade um estigma em relação à doença mental.

O psiquiatra entende que a doença mental é ainda muito associada à possibilidade de agressão ou de crime, embora os indicadores mostrem que, percentualmente, a perigosidade dentro da população com doença mental não é maior do que na população em geral.

“Existe ainda a associação entre maldade e doença mental. O combate ao estigma deve ser feito na educação de base, na educação que é feita nas escolas, tal como acontece com o combate a outros preconceitos, como o racismo ou a homofobia”, defende.

Os cuidados de saúde mental na terceira idade são outro dos grandes temas a abordar no Congresso Mundial de Psiquiatra, um assunto a que Portugal deve prestar atenção, segundo Pedro Varandas.

Para o vice-presidente da Sociedade de Psiquiatria, Portugal não está preparado para a doença mental na terceira idade, sobretudo na questão das demências.