Mantendo uma tendência que se arrasta há anos, em 2018 a taxa de cesarianas no privado foi mais do dobro do que nos hospitais públicos, escreve o Público esta segunda-feira, 13 de janeiro.

Em 2018, os partos por cesariana no privado corresponderam a 66,3% do total, enquanto nos hospitais públicos essa percentagem é de 28,7% no mesmo ano.

Segundo o diário, o número de partos normais, que não requerem intervenção com fórceps, ventosas ou cesariana, são mais de 50% no Serviço Nacional de Saúde. Já no privado, em 2018, foi apenas um sexto do total.

No entanto, é de registar uma ligeira subida nas cesarianas nos hospitais públicos desde 2016 até 2018, de 27,6% para 28,7%.

Já nos hospitais privados a percentagem tem oscilado entre 65,5% em 2016; 64,6% em 2017 e 66,3% em 2018.

Miguel Oliveira da Silva, ex-presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em declarações ao diário, é muito crítico desta prática nos privados.

O médico considera que  “há interesses financeiros e má informação das grávidas sobre os riscos das cesarianas a pedido” e que esta opção pode dever-se “à pressa em fazer o parto por medo” de complicações e, eventualmente, de processos legais.

Luís Graça, vice-presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, não poupa críticas também, alertando que alguns privados “já fazem partos abaixo das 30 semanas" e “ninguém monitoriza, fiscaliza, pune”. "Muitos médicos com pouco treino" é uma das justificações que vê para a prática generalizada de cesarianas no privado.