Segundo dados da consultora IQVIA Portugal, citados pelo Jornal de Notícias, em 2020 foram vendidas em média 430 embalagens por dia de pílulas de emergência, menos 15.400 do que em 2019. No total, foram comercializadas no ano passado cerca de 157 mil caixas, num total de 2,5 milhões de euros.

A quebra pode ser explicada pela pandemia ou, mais especificamente, pelo confinamento, que diminuiu as relações sexuais inesperadas.

Para Duarte Vilar, investigador em temas de educação sexual e saúde reprodutiva, "o confinamento dificultou a vida sexual dos mais jovens, mas não dos adultos, que vivem um com o outro".

Acresce a isto a disponibilização gratuita de métodos contracetivos pelo Serviço Nacional de Saúde.

"Não creio que [o recurso à contraceção de emergência] seja uma coisa rotineira. É um uso residual, mais pontual", diz Vera Silva, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF). "Portugal tem investido imenso na saúde da mulher e na educação sexual dos mais jovens", considera.

Segundo Paula Pinto, psicóloga da Associação para o Planeamento da Família (APF), quando as mulheres procuram este tipo de contraceptivo de emergência muitas vezes já estão a fazer um outro método para evitar uma gravidez indesejada. No entanto, o uso incorreto do preservativo ou o esquecimento da pílula contraceptiva fazem com que seja necessário recorrer à "pílula do dia seguinte".

Neste sentido, diz, é importante que as mulheres estejam informadas sobre o tipo de contraceptivo que melhor se adequa "ao seu estilo de vida e às suas características individuais". "Se uma mulher toma a pílula, e diz que está sempre a esquecer-se, é importante esclarecer que numa consulta de planeamento familiar ela tem a possibilidade de avaliar outros métodos que se calhar a protegem melhor", exemplifica.

Nos centro de saúde, nas consultas de planeamento familiar, é possível ter acesso a vários métodos contracetivos, como a pílula, o implante hormonal cutâneo. o sistema intrauterino (sem hormonas) ou o dispositivo intrauterino (com hormonas).

A contraceção de emergência é disponibilizada de forma gratuita nos centros de saúde e unidades de saúde familiar e nas consultas de ginecologia/obstetrícia nos hospitais. O preço desta pílula varia em média entre 15 e 25 euros.