Até agora, os investigadores identificaram 12.706 mutações no SARS-CoV-2 e viram que 398 delas são repetidas. Dessas, 185 manifestaram-se pelo menos três vezes de forma independente durante os meses da pandemia.

“Descobrimos que nenhuma destas mutações fazem o vírus espalhar-se mais depressa, mas precisamos de continuar a estudar as que ocorrerem, especialmente quando começar a haver vacinas”, afirmou a primeira autora do estudo, Lucy Van Dorp, do Instituto de Genética do UCL.

Os investigadores alertam que a introdução de vacinas fará aumentar a pressão sobre o vírus para o tornar mais esquivo ao sistema imunitário humano.

Isso poderá levar ao surgimento de mutações que escapam à ação da vacina, o que exigirá identificação rápida dessas mutações e adaptação das vacinas.

Os coronavírus como o SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, são do tipo RNA, que podem ter mutações de três formas: por erros de cópia durante a replicação do vírus, por interações com outros vírus que estão a infetar a mesma célula ou podem decorrer da ação do sistema imunitário do anfitrião.

A maior parte das mutações é neutra, mas pode acontecer que sejam boas ou más para o vírus, passando para as gerações seguintes de vírus.

Da investigação não saíram provas de que alguma das mutações comuns estejam a aumentar a transmissibilidade do vírus. A maior parte é neutral, salientam, e deve-se à ação do sistema imunitário humano, não indicando que seja o vírus a adaptar-se ao seu anfitrião humano.

Normalmente, um vírus só sofrerá mutações e dividir-se-á em estirpes diferentes quando se tornar mais comum em populações humanas, mas isso não implica necessariamente que as estirpes sejam mais nocivas ou contagiosas.