“Bout está em uma prisão dos EUA devido a um veredicto ilegal de cariz político”, disse Moskalkova, na rede social Telegram.

Recordou também que por várias vezes que se dirigiu aos órgãos encarregados de assuntos humanitários nos EUA, para que se libertasse Bout, conhecido como “o mercador da morte”.

“Como é sabido, neste momento os órgãos competentes da Federação Russa e dos EUA mantêm negociações. Espero que concluam com o regresso a casa de Victor”, acrescentou Moskalkova, que é a alta-comissária para os direitos humanos na Federação Russa.

Bout, que já cumpriu mais de metade da pena, foi condenado, entre outras acusações, por matar cidadãos norte-americanos e tráfco de armas.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, anunciou hoje que teve uma discussão “franca” com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, durante a qual, além de lhe dizer que o mundo “nunca reconhecerá a anexação de territórios ucranianos”, fez uma oferta de troca de dois presos norte-americanos por um russo.

Após aquela que foi a primeira conversa entre os dois chefes de diplomacia desde a invasão russa da Ucrânia, há mais de cinco meses, Blinken não forneceu pormenores sobre a resposta de Lavrov à proposta de a Rússia libertar dois cidadãos norte-americanos – Paul Whelan e Brittany Griner – em troca do traficante de armas russo Viktor Bout.

Moscovo confirmou a chamada telefónica, mas um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse que não haveria mais explicações sobre a questão das trocas de prisioneiros.

“Os acordos geralmente são divulgados apenas quando são alcançados”, disse o porta-voz da diplomacia russa.

Na quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a troca de prisioneiros é o típico assunto que deve ser tratado de forma discreta nos bastidores.

“Todos sabemos que tais assuntos são discutidos sem que seja difundida informação”, disse Peskov numa conferência de imprensa.

“Geralmente, o público fica a saber do que se passa quando os acordos já foram implementados”, referiu.

Segundo as autoridades russas, Brittney Griner, campeã olímpica e membro da equipa Phoenix Mercury que compete na liga norte-americana WBNA, foi presa no aeroporto de Moscovo em meados do passado mês de fevereiro na posse de frascos com óleo de canábis.

Griner, que arrisca uma pena de dez anos de prisão, afirmou perante o tribunal que não sabe como os frascos com óleo de canábis surgiram na própria bagagem acrescentando, no entanto, que tem uma receita médica que lhe permite o uso de canábis para efeitos de saúde por causa de dores provocadas pelo exercício físico como atleta.

Também Paul Whelan, o executivo norte-americano do Michigan condenado a 16 anos de prisão na Rússia sob acusação de espionagem, em 2020, pode eventualmente fazer parte da troca de prisioneiros.

A família e o condenado mantém a declaração de inocência, enquanto as autoridades norte-americanos consideram falsa a acusação de espionagem contra Whelan.