Boochani, que se encontra em instalações definidas para imigrantes na ilha de Manus – ao norte de Papua Nova Guiné -, escreveu, através de mensagens da rede social whatsapp, o livro “No Friend But the Mountains: Writing from Manus Prison” (“Sem amigos, apenas as montanhas: Escrevendo a partir da prisão de Manus”, em tradução livre).

A obra, que retrata a experiência do jornalista e ativista defensor dos direitos humanos no centro para imigrantes que a Austrália tem em Manus – onde aguarda ser recebido por outro país – é descrito pelo júri como um testemunho da resistência.

O livro “é profundamente importante (…) como um testemunho (…) uma demonstração do poder salvador da escrita como um ato de resistência”, sublinha a Biblioteca Estatal de Nova Gales do Sul, que outorga o prémio.

“Não quero falar de literatura, só quero dizer que penso na comunidade literária como parte da sociedade civil da Austrália, é parte da nossa resistência contra o sistema, e creio que é muito valiosa”, disse, numa mensagem reproduzida pela organização do galardão.

Com o mesmo livro, Behrouz Boochani recebeu em fevereiro o Prémio Literário Premier da Austrália, na categoria de não ficção, organizado pelo The Weeler Centre.

O centro de detenção de Manus encerrou em 2017, mas Boochani faz parte de um grupo de 600 homens que permanecem na ilha em campos de refugiados sem poder ir à Austrália, que recusa acolher os imigrantes que tentam entrar no país por via marítima.

Em 2012, a Austrália retomou a sua política de detenção dos “indocumentados” noutros países, em condições que têm sido denunciadas por organismos internacionais, entre eles a ONU.

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