O programa de atividades, que decorre no próximo sábado e domingo na Quinta de Marim, em Olhão, visa mostrar “o trabalho que é feito todos os dias”, revelou Fábia Azevedo, adiantando que em dez anos deram entrada no centro mais de 14 mil animais.

No sábado será realizado um ‘bioblitz’, atividade em que o objetivo é observar e identificar o maior número de espécies de fauna e flora num determinado local, dia que termina com danças do mundo e concertos com O Galopim e Terra Livre.

No domingo será um dia aberto, com os participantes a poderem auxiliar a equipa nas tarefas do centro, havendo também oficinas de fotografia de natureza, desenho de campo, devoluções à natureza de animais recuperados, construção de hotéis para insetos, casas ninhos ou apitos e chamarizes.

Desde 2009 e até à passada semana deram entrada no centro, 14.137 animais, dos quais 11.305 “estavam vivos”, tendo sido devolvidos à natureza 5.572 (50%), uma percentagem “bastante satisfatória, tendo em conta os valores conseguidos pelos centros a nível nacional”, destacou Fábia Azevedo.

Durante estes dez anos houve uma evolução na ideia de preservação, com o centro a realizar “mais de 3.000 ações de sensibilização, envolvendo mais 65 mil pessoas”, sendo que muitas foram devolução de animais, “que marcam muito”, sublinha.

“Quem liberta uma águia ou uma falcão, não se esquece desse momento e vai partilhá-lo com os familiares e amigos”, observa a bióloga, considerando que essas ações se refletem no número de animais entregues no centro.

Esse número “aumenta a cada ano” e em 2019 “já ultrapassou os 2.000”, reflexo de que cada vez mais pessoas “conhecem o centro”, o que a leva a afirmar que “a sensibilização é o trabalho mais importante do RIAS”.

Contudo, o mais complicado tem sido a componente financeira, desabafa Fábia Azevedo, adiantando que a ANA - Aeroportos de Portugal garante metade do orçamento do centro, mas os outros 40.000 euros “requerem muita imaginação”.

As parcerias com o município de Olhão, concelho onde está sediado, entre outras entidades, assim como as campanhas de apadrinhamento, atividades, formação para o público e donativos “ajudam a manter o centro a funcionar”.

Estão a ser estudadas parceiras com outros municípios, no âmbito do serviço público “que o centro presta, ”como a deteção de doenças e no tratamento dos animais”, avança a bióloga.

Os primeiros anos foram dedicados essencialmente à recuperação dos equipamentos do centro, só depois foi possível centrarem-se “em consolidar a equipa técnica”, a estabelecer e fazer cumprir os protocolos e melhorar a nível técnica.

Mais recentemente foi possível o centro “dedicar-se mais “à investigação cientifica e à sensibilização ambiental”, sendo que esta última será o “ponto central dos próximos dez anos”.

Tratando-se de um hospital para animais selvagens, “não há um dia igual” defende Fábia, que todos os dias é surpreendida com situações novas, como “cegonhas abatidas a tiro e animais mantidos em cativeiro ilegal”, o que “custa sempre a perceber”.

Os animais eletrocutados são dos mais difíceis de tratar e reabilitar, no entanto, já foram libertadas duas águias que sofreram queimaduras, sendo que uma delas, marcada com localizador, três ou quatro dias depois “já seguia na sua migração para África, o que foi surpreendente”,conclui.

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