“O resultado obtido pela CDU traduz uma quebra eleitoral com significativas perdas de deputados, inclusive a representação institucional do PEV”, sustentou Jerónimo de Sousa, durante uma primeira reação ao resultado das eleições legislativas.

Minutos antes de o líder comunista falar a país, soube-se que o histórico deputado António Filipe (Santarém) e o líder parlamentar do PCP (Évora) João Oliveira falharam a eleição.

Com oito mandatos já atribuídos, Santarém foi o primeiro distrito a eleger um deputado do Chega, Pedro Frazão, além de cinco parlamentares do PS e três do PSD. O cabeça de lista da CDU, António Filipe, que entrou para o parlamento em 1989, não conseguiu ser eleito.

O deputado comunista João Oliveira, no parlamento desde 2005, falhou a eleição para a Assembleia da República no círculo de Évora, onde o PS ganhou as eleições com 43,9%, e três deputados, e o PSD teve 21,49% e um deputado. A CDU recolheu 14,54% dos votos.

Questionado sobre se a CDU já conseguia quantificar a perda de deputados na Assembleia da República, o dirigente comunista referiu que em “percentagem é, de facto, um abaixamento” da “expressão eleitoral” da coligação e que a queda deverá ser de 12 mandatos para “seis ou sete”.

O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP acrescentou que o PS de António Costa “tem na mão a opção de fazer entendimentos com o PSD” ou “convergir à esquerda com a CDU”.

Visivelmente emotivo durante a intervenção e a responder às questões dos jornalistas, Jerónimo de Sousa referiu que o PS “no mínimo devia reconhecer um papel decisivo e importante ao PCP e a 'Os Verdes', que sempre procuraram dar uma contribuição concreta” para a resolução dos problemas do país.

“Foi pena, houve aqui uma travagem”, reconheceu.

Interpelado sobre se já falou com o secretário-geral do PS, António Costa, o secretário-geral comunista referiu que ainda não o tinha feito: “Não falei com António Costa, não tive um encontro com António Costa. Não foi por mal, nem por bem, foi porque não foi possível, quando puder falarei, mas agora não posso, tenho outras prioridades”.

Interpelado sobre se estava arrependido da experiência de geringonça, Jerónimo de Sousa respondeu que “não” e disse que a solução que vigorou entre 2015 e 2019 foi feita “com grande frontalidade, onde ninguém procurou enganar”.

O dirigente do PEV José Luís Ferreira, que ao que tudo indica não vai ser reeleito pelo círculo eleitoral de Setúbal, ladeava Jerónimo de Sousa cabisbaixo.

Sentado em frente ao secretário-geral estavam vários a dirigente do PEV Mariana Silva, que também falha a eleição, e vários dirigentes do PCP, como, por exemplo, João Ferreira, que pouco aplaudiu o discurso e aparentava estar dececionado com o resultado, João Frazão, ou Margarida Botelho.

O grupo parlamentar comunista perdeu hoje dois 'pesos pesados', nomeadamente João Oliveira, líder parlamentar desde 2013 e deputado há 17 anos, e António Filipe.