“Se acontecer [a eleição de um deputado] será surpresa simpática, mas acho que é praticamente impossível”, disse Joaquim Afonso, à agência Lusa, durante uma discreta e pouco concorrida ação de campanha no Rossio, em Lisboa, que marcou o final da campanha para as legislativas, às quais o partido se apresenta a votos pela terceira vez.

O presidente e cabeça de lista por Lisboa admitiu que a eleição de um deputado só seria possível com “um voto de confiança dos portugueses” e a convicção de que o país precisa de ser governado por um militar.

“Espero que os portugueses nos surpreendam e nos deem o seu voto de confiança. É preciso que acreditem que, de facto, se calhar estamos a precisar de um militar à frente disto, mas para isso teria que ter expectativas de vir a ser primeiro-ministro, tê-las, tenho, mas isso não é para já, temos que crescer mais”, afirmou.

O líder do partido, que rejeita a dicotomia entre esquerda e direita e iça a bandeira do combate à corrupção, assumiu a dificuldade que os partidos sem representação parlamentar têm em fazer campanha, criticando a “ditadura da ‘partidarite’ crónica”.

“A nossa única perspetiva de conseguir subir na votação é o boca a boca, como acontecia no antigo regime, porque infelizmente estamos numa ditadura da ‘partidarite’ crónica que nos desgoverna há 40 anos”, admitiu.

Joaquim Afonso anteviu uma “abstenção estratosférica” e uma “fortíssima bipolarização à volta do PS e do PSD, que irá penalizar os partidos emergentes”, antecipando um cenário de novas eleições no prazo de dois anos.

“Espero não ser bruxo, mas daqui a dois anos vamos outra vez a eleições. Quer seja o PS ou PSD a governar em minoria, com o apoio de outras forças políticas, daqui a dois anos vamos outra vez para eleições”, referiu.

Joaquim Afonso voltou a criticar a realização de eleições legislativas, nesta altura, reiterou a disponibilidade do Nós, Cidadãos!, que definiu como um “partido de independentes”, para integrar um governo de iniciativa presidencial.

“Não faz sentido ter eleições nesta altura, alertamos há muito para o facto. Pedimos uma audiência ao Presidente da República e dissemos-lhe que, caso fique tudo na mesma, que o é que parece que vai acontecer (…) se considerar que é necessário fazer um governo de iniciativa presidencial cá estaremos na defesa do interesse nacional e do futuro a contribuir com quadros da sociedade civil, que são as pessoas que fazem parte das estruturas do Nós, Cidadãos!”, afirmou.

Nas eleições legislativas de 2015, o Nós, Cidadãos! não foi além dos 22 mil votos e, em 2019, dos 13 mil votos.