Segundo a agência EFE, o pedido de demissão do primeiro-ministro Adel Abdelmahdi, apresentado na sexta-feira, foi hoje aceite pelo Conselho de Ministros, que se reuniu em sessão extraordinária.

Um grande número de manifestantes estava hoje a rodear o Comando da Polícia da província de Dhi Qar, sedeado em Nasiriya, enquanto as forças de segurança disparavam para o ar munições reais para dispersar os manifestantes, de acordo com uma fonte anónima do Ministério do Interior iraquiano que falou à EFE.

De acordo com a mesma fonte, não se registaram feridos e os líderes tribais da província em conjunto com as autoridades locais tentam persuadir os manifestantes a retirar-se das imediações do comando da polícia, o epicentro dos protestos na cidade nos últimos dias.

Apesar de as autoridades de Dhi Qar terem decretado esta madrugada três dias de luto em toda a província depois dos violentos protestos nos últimos dias, que resultaram na morte de pelo menos 46 pessoas em Nasiriya, os manifestantes tomaram esta manhã o controlo das principais pontes sobre o rio Eufrates que unem a cidade.

Depois de na quarta-feira os manifestantes terem irrompido pelo consulado iraniano de Najaf, uma cidade no sul do Iraque de maioria xiita, houve uma escalada de violência que foi condenada pelas principais autoridades desse ramo da religião muçulmana e pelos líderes políticos, tendo culminado na renúncia do primeiro-ministro.

Desde 01 de outubro que dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas, indignados com o que consideram ser a corrupção generalizada, a falta de oportunidades de emprego e os fracos serviços básicos, apesar da riqueza em petróleo do país.

As manifestações de protesto têm ocorrido, sobretudo, nas praças Tahrir e Khilani, na capital iraquiana, e nas províncias predominantemente xiitas do sul, contando com uma dura repressão das forças de segurança iraquianas.

Além dos perto de 400 mortos, fontes médicas e de segurança, dão conta de cerca de 15.000 feridos, na sua maioria manifestantes.

Este é primeiro movimento social espontâneo em décadas no Iraque.