O anúncio foi feito pelo Presidente do Quénia numa conferência de imprensa (sem perguntas) dos dois chefes de Estado, no âmbito da visita de Estado a Portugal de Uhuru Kenyatta, numa altura em que decorre em Lisboa a II Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, a que os dois países copresidem.

“Queria agradecer ao meu irmão, que aceitou, em momento apropriado, fazer igualmente uma visita ao Quénia”, afirmou o Presidente da República queniano, dizendo aguardar ansiosamente pelo reforço desta “grande parceria entre estes dois países”.

O chefe de Estado do Quénia sinalizou a vontade de continuar a trabalhar em conjunto sobre a língua portuguesa, já “falada por muitos no continente africano”.

“Temos de saber como podemos trabalhar em conjunto para reintroduzir essa língua na nossa parte do mundo”, apontou.

De acordo com fonte oficial de Belém, esta foi a primeira visita de um chefe de Estado do Quénia a Portugal e será também a primeira deslocação de um Presidente português ao Quénia.

O Presidente do Quénia agradeceu ainda o papel de Portugal na luta contra o terrorismo no continente africano, em particular em Moçambique, e disse esperar desta visita “injetar ímpeto novo” numa relação que existe há mais de 500 anos.

Uhuru Kenyatta deixou expectativas para a reunião que ia ter em seguida com o primeiro-ministro, António Costa, onde serão assinados “uma série de acordos em várias áreas”.

“É nossa esperança que, nesta reunião, vejamos um aumento no número de investidores, turistas e oportunidades comerciais”, afirmou, lembrando que a parceria entre os dois países remonta “aos tempos de Vasco da Gama”.

Na mesma linha, Marcelo Rebelo de Sousa destacou que os dois países se conhecem “há séculos, quando os dois ainda não eram Repúblicas, mas reinos”.

“Nunca deixámos de percorrer juntos os nossos caminhos até hoje, sempre a pensar no futuro”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o poder económico do Quénia, país que disse manter, a par do crescimento económico, “preocupação social e ambiental”, bem como a sua capacidade de ocupar cargos de relevo em organizações internacionais.

“Tudo isto mostra um país jovem, um país cheio de futuro e um país que pensa tudo a prazo, vê alto e vê longe”, elogiou.

O Presidente da República português disse ter recebido do seu homólogo queniano um livro sobre os sucessos dos maratonistas do seu país, e quis saber a razão de tantas vitórias.

“Ele explicou: porque nos habituámos desde muito cedo a lidar com grandes altitudes, onde o oxigénio é menor, conseguirmos resistir mais e melhor do que os outros porque começámos mais cedo, enquanto crianças nas escolas”, contou.

Para Marcelo de Rebelo de Sousa, o mesmo princípio se aplica “à política, à economia e à posição internacional do Quénia”.

“O Quénia vê mais longe, o Quénia percebe as grandes linhas estruturais da Humanidade, é um arbitro e mediador privilegiado, é uma plataforma, uma ponte entre diversos estados, diversas comunidades, diversas visões do mundo”, afirmou, considerando que é “uma vocação” semelhante à de Portugal.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou ainda “uma empatia muito grande entre os dois chefes de Estado” e os povos dos dois países, dizendo que estão no Quénia já muitos portugueses a trabalhar e outros “a chegar, em áreas como as infraestruturas, projetos agroalimentares ou digitalização.

A visita do Presidente do Quénia foi combinada em setembro de 2019, mas foi adiada quase dois anos devido à pandemia de covid-19.

Marcelo considera copresidência da Conferência com o Quénia “um sucesso”

“Era preciso ser um país que é o centro de várias agências internacionais”, disse o Presidente da República, salientando que na capital Nairobi “se deram passos fundamentais em tratados de proteção dos oceanos”.

O chefe de Estado salientou, por outro lado, que ambos os países “comungam dos memos princípios relativamente aos problemas da humanidade”.

“Nós defendemos o multilateralismo, ninguém é senhor absoluto da verdade, defendemos o papel das organizações internacionais, o papel do diálogo e da tolerância, a construção da paz em todas as circunstâncias e trabalhamos para isso”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

Por isso, considerou o Presidente da República português, “a copresidência da Conferência dos Oceanos foi um sucesso, tanto pelo lado do Quénia como pelo lado de Portugal”.

“Seria impossível para Portugal organizar esta conferencia sem o Quénia”, declarou.

Também o Presidente do Quénia saudou a oportunidade de coorganizar com Portugal esta conferência, salientando que são dois países “que dependem dos oceanos”.

“Mais uma vez é algo que nos aproxima, somos dois países que dependem dos oceanos, é uma parte essencial do que somos, da nossa economia”, defendeu Uhuru Kenyatta.

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