“Aquilo que pertence à justiça, pertence à justiça, portanto não vou comentar”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, falando aos jornalistas portugueses em Roma, onde vai participar na quarta-feira numa reunião do Grupo de Arraiolos, que junta chefes de Estado com poderes não executivos da União Europeia.

“Tenho para mim que é bom que fique claro que há uma maioria esmagadora com uma orientação e o facto de, por vezes, se hiperbolizar aquilo que existe em democracia, mas que são minorias, é uma forma de fazer o jogo das minorias”, acrescentou o Presidente da República.

Para o chefe de Estado português, “a melhor resposta é dizer há quem defende isso, [mas] olhem para os jovens e vejam os 85% que se vacinaram, que estão a ser vacinados ou que vão ser vacinados”.

“Essa é a grande resposta em democracia e da sociedade civil perante aquelas posições mais radicais ou minoritárias, mas não correspondem ao sentir da maioria dos portugueses”, insistiu Marcelo Rebelo de Sousa, reforçando que “a grande maioria do povo português é bastante clara quanto se tratou de vacinar e ainda agora os mais jovens, […] em que uma percentagem esmagadora aderiu livremente à vacinação”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito aos incidentes em que o presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, foi insultado por um grupo de negacionistas da covid-19, no sábado, em Lisboa, foi anunciado na segunda-feira.

Em resposta a uma pergunta da Lusa, a PGR confirmou a “instauração de inquérito que teve origem na participação dos factos por parte da PSP”, e que será da responsabilidade do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Segundo um vídeo partilhado nas redes sociais, Ferro Rodrigues estava a almoçar com a mulher, enquanto dezenas de manifestantes negacionistas da covid-19 o insultavam, apelidando o presidente da Assembleia da República, segunda figura do Estado, de "assassino" e "ordinário".

“Portanto, nós devemos ter a noção do que é democracia e [do que são] as posições minoritárias, mas a maioria esmagadora dos portugueses respondeu sim à vacinação”, vincou hoje Marcelo Rebelo de Sousa.

De acordo com os registos em vídeo, no Twitter e no YouTube, por exemplo, os insultos continuaram quando Ferro Rodrigues e a mulher saíram do restaurante e se dirigiram para o carro, acompanhados do corpo de segurança pessoal do presidente a Assembleia da República.

Uma das manifestantes, de megafone em punho, ameaçou ainda o restaurante onde o casal se encontrava, prometendo que "nunca mais nenhum cliente deste restaurante vai ter paz".

Os insultos foram feitos por uma dezena de negacionistas da covid-19 que, no sábado passado, protestaram em frente ao parlamento.

Na segunda-feira de manhã, a PSP anunciou que iria participar ao Ministério Público os insultos proferidos contra o presidente da Assembleia da República.