“Houve prejuízos sérios nos pastos para os animais. No baixo Mondego há milhares de hectares submergidos […]. Registaram-se muitos prejuízos em infraestruturas. Os produtores pecuários quando não [sofrem] com a falta de água é com o excesso de água”, afirmou, em declarações à Lusa, João Dinis, membro da direção da CNA.

De acordo com este responsável, verificaram-se assim estragos, por exemplo, nas estufas, nos “estaleiros do arroz” e em pequenas valas.

Na quinta-feira, o Ministério da Agricultura garantiu, em comunicado, estar a acompanhar a evolução da depressão “Elsa”, sublinhando que os técnicos das Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) estão “prontos a intervir” no levantamento dos prejuízos.

“O Ministério da Agricultura que viu encerrada a maior parte das zonas agrárias acompanha o quê? De helicóptero?”, questionou hoje João Dinis.

Para a CNA é, assim, necessário que os sucessivos governos “deixem a propaganda em que se especializaram nos últimos anos” e que procedam, entre outros aspetos, à manutenção dos grandes diques do Mondego e à conclusão da obra de rega, para além de acionarem um plano de emergência para a produção pecuária.

“Os produtores têm que comprar alimentação para os animais e isso aumenta muito os custos de produção, num contexto em que os preços do leite e da carne se mantêm relativamente baixos”, sublinhou.

A confederação disse ainda que vai, novamente, apresentar ao Governo, em especial aos ministérios da Agricultura e do Ambiente, as suas preocupações.

Os efeitos do mau tempo, que se fizeram sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 foram deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

A Autoridade Nacional de Proteção Civil, num balanço feito hoje às 10:00, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter “baixado significativamente”, esperando-se a redução do leito do rio Mondego nos próximos dias.