“Vamos continuar a trabalhar para melhorar as relações entre o Brasil e a Angola, que já são excecionais. Temos um grande potencial económico que pode ser mais explorado, e também conversámos sobre a luta contra a corrupção, que é uma prioridade de Bolsonaro e também do meu governo”, disse aos jornalistas Manuel Augusto no final de uma reunião com o novo ministro das Relações Exteriores brasileiro.

No final do encontro, Manuel Augusto, que foi o primeiro representante estrangeiro a ser formalmente recebido pelo novo chanceler do Brasil, Ernesto Araújo, antes mesmo de o homólogo norte-americano, vincou que a parceria estratégica entre os dois países é para manter, desvalorizando o foco de Jair Bolsonaro nas relações diplomáticas com países mais relevantes.

“Pelo contrário, o chanceler Araújo reforçou o seu desejo de continuar a negociar não apenas com Angola, mas com toda a África. Existe um discurso de campanha, mas o Brasil é um país muito importante para o mundo”, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola, que se deslocou a Brasília para assistir à tomada de posse de Jair Bolsonaro.

A prova das boas relações entre os dois países foi dada pelo próprio chefe da diplomacia angolana, que citou o facto de ter sido recebido antes do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, que foi entretanto também recebido pelo seu homólogo brasileiro.

Questionado pelos jornalistas sobre o discurso duro de Bolsonaro relativamente a refugiados e imigrantes durante a campanha eleitoral, Manuel Augusto disse que também nessa área há uma cooperação permanente com o Brasil e deu o exemplo de Angola nesta área: “De cada quatro angolanos que vêm para o Brasil, três deles não são verdadeiramente angolanos; temos uma fronteira muito porosa e por isso somos vítimas também da imigração ilegal; hoje temos mais de dois milhões de pessoas ilegais no nosso país e as nossas autoridades têm trabalhado para conter essa questão”, afirmou.